Uma iniciativa idealizada na capital pretende mudar o significado de um dos momentos mais difíceis da existência humana: a morte. Ao invés de túmulos, mausoléus e urnas, familiares poderão plantar uma árvore representando o ente querido. Instalado em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o BioParque transforma o formato tradicional de um cemitério em uma espécie de parque ecológico.
“Oferecendo aos seus clientes a possibilidade de vivenciar uma experiência singular e exclusiva, o BioParque propõe transformar as cinzas do ente querido em parte de um substrato preparado para o plantio de árvores a serem escolhidas por quem presta a homenagem”, dizem os responsáveis.
Haverá ainda uma plataforma pela internet para acompanhar o crescimento da planta, identificada por QRcode. Será possível inserir imagens, textos e áudio para contar a história da pessoa que é homenageada por meio de um livro de memórias virtual. Assim, quem visitar o parque poderá saber mais sobre a pessoa representada por aquela árvore.
As pessoas podem escolher uma árvore, um jardim com quatro árvores ou um bosque com 20 árvores – esses últimos, como se fossem substituições aos mausoléus. Nas três categorias, os preços variam de R$ 10 mil a R$ 200 mil (o segundo, preço inicial dos bosques).
Projeto
Os primeiros estudos para a elaboração começaram em 2013. A unidade de Nova Lima, que é a primeira do Brasil, foi lançada há um ano. Naquela época, foi inaugurado um showroom e o IncubCenter (onde as mudas se desenvolvem) no Bairro Sion, Região Centro-Sul da capital.
“A família procura o BioParque em algumas situações, se já têm as cinzas em casa e resolvem dar uma destinação, ou se perderam alguém recentemente e acabaram de optar pela cremação. Também há famílias se desfazendo de jazigos e, ao repensar o sepultamento e um ente querido optam por fazer a exumação, a cremação e fazer a homenagem no BioParque e, em muitos casos, quando querem pensar nisso para o futuro”, explica o CEO responsável pelo empreendimento, Hugo Tanure. No ano passado, ele apresentou o projeto em uma entrevista ao EM, e falou sobre o objetivo de ressignificar o luto passando por questões sociais e ambientais.
O empresário diz que houve aumento da procura no contexto da pandemia de COVID-19. “Posso te dizer que foi, no mínimo, 200% de aumento”, comenta. “As pessoas nos procuram no sentido de substituir o velório que vão fazer ou que não puderam fazer (para evitar aglomerações), já que a cerimônia pode ser feita a qualquer tempo e, em algum momento, poderão convidar familiares e amigos para se despedirem fazendo uma homenagem”, comenta.
Em função da necessidade de isolamento social, a abertura do parque em Nova Lima precisou ser adiada para o segundo semestre de 2021. O espaço contará com uma galeria para exposições de arte, orquidário e Jardim Botânico.
A nova unidade deve ser inaugurada ainda este ano em São Paulo. O grupo pretende abrir outras unidades em Brasília (DF), Salvador (BA), Curitiba (PR) e no Rio de Janeiro (RJ). Cada unidade terá capacidade para o plantio de 30 mil árvores.