A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) divulgou uma nota de repúdio à postura do prefeito Alexandre Kalil (PSD) durante a condução das decisões relacionadas ao controle da pandemia da COVID-19 na capital dizendo ser “cruel e desumana”.
A nota foi divulgada pela entidade logo após a prefeitura anunciar que não deve reabrir o comércio enquanto a ocupação de leitos permanecer em alerta vermelho. Em nota, a CDL cobra que a prefeitura compre novos leitos para que a taxa de ocupação seja menor.
O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, disse, durante a coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira, que “não tem o menor cabimento de abrir lojas com mais de 80% dos leitos ocupados” e que também não vai abrir leito para ficar ocioso.
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Jackson rebateu ainda a favor da preservação da vida. “O CNPJ depende do CPF. Se a pessoa morrer, não adianta ter restaurante aberto”, disse o médico. “Nós vamos contratar leitos da iniciativa privada se for necessário, mas hoje os números mostram que não é necessário”.
Desde a publicação do primeiro boletim epidemiológico da COVID-19 em Belo Horizonte, em 15 de maio, a prefeitura aumentou de 205 leitos de UTI COVID para 419; e de 573 leitos de enfermaria COVID, para 1.115.
A prefeitura analisa também o cálculo da taxa de ocupação sem considerar o aumento de leitos no período. Isso resultaria a percentuais equivalentes a 185% de ocupação da UTI COVID e de 132% de enfermaria COVID.
Confira a nota da CDL na íntegra:
“Desde o início da pandemia, o prefeito Alexandre Kalil virou as costas para o comércio. Tomou decisões de forma autoritária e sem diálogo com o setor da nossa economia que mais se sacrificou para salvar vidas, o de comércio e serviços, que representa 72% do PIB da nossa cidade e emprega mais de um milhão de trabalhadores. Tomou decisões arbitrárias e sem coerência até mesmo com a Ciência que ele diz tanto se amparar. Nosso sentimento é de indignação. Porém, a notícia da permanência do comércio fechado e sem previsão para reabertura não é nenhuma surpresa. Afinal, Kalil não cumpriu a sua promessa de abrir leitos – 729 de UTI e 1.752 de enfermaria. Promessa que foi feita no início de maio. Caso a promessa do prefeito tivesse sido cumprida, hoje teríamos 52% de taxa de ocupação nos leitos de UTI e 43% nos de enfermaria, índices que permitiriam a reabertura segura do nosso comércio. A fala do Secretário de Saúde do prefeito Kalil, Jackson Machado, na coletiva de hoje foi muito clara. A Prefeitura poderia abrir estes leitos. Mas não investe nessa abertura dos novos leitos e faz a clara opção por manter o comércio fechado.
Enfim, a Prefeitura economiza, mas quem paga a conta é o comércio. Somente lembrando, a Prefeitura recebeu mais de R$ 130 milhões do Governo Federal para investir no combate à doença. O Secretário ainda desdenhou da situação. Falou com um ar de deboche “que mais 15 dias fechado não mata ninguém”, postura bem típica do seu chefe. Trata um assunto tão sério com requintes de crueldade. Chega a ser desumana e tirânica a postura insensível da Prefeitura diante da quebradeira de milhares de negócios em nossa cidade, diante de milhares de trabalhadores perdendo seus empregos e tantas famílias sem o sustento, passando por necessidades. O pior e mais grave de tudo é que nem vidas estão salvando. Nos últimos 30 dias, período em que o comércio ficou fechado, o número de mortes em Belo Horizonte teve um aumento de mais de 300%. Lamentavelmente, passamos de 129 para 528 óbitos. Belo Horizonte foi a primeira a fechar e será a última a abrir o comércio. É hora de todos refletirem sobre quem é o culpado dessa triste e deprimente situação que vivemos hoje em Belo Horizonte”.