Qual seria a maior motivação para alguém percorrer 1,2 mil quilômetros a pé? Para o brasiliense Rodrigo Coelho, 38, foi ajudar a quem precisa e espalhar a mensagem de que fazer o bem ainda é possível, em tempos tão difíceis. Com esse objetivo, ele saiu de Brasília, no último dia 19 de julho, em caminhada rumo ao Rio de Janeiro.
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“Eu estava me fortalecendo, mas via muita gente para para baixo, em dificuldades. Desde março estamos escutando muitas coisas ruins, então pensei que era hora de fazer algo pelos outros”, revela Rodrigo, que justifica a escolha do trajeto. “Quando alguma coisa dá errado, procuramos fazer o caminho volta, para identificar o que deu errado e no que podemos melhorar. Então, pensei que moro na atual capital federal, mas que a capital anterior era o Rio de Janeiro, por isso decidi refazer esse caminho”, relata o caminhante, que chegará a Belo Horizonte nesse domingo, 2.
Ao planejar a jornada, ele relata ter identificado que a distância entre Brasília e Rio pode ser dividia em “27 maratonas”, de aproximadamente 42 quilômetros (distância oficial da prova olímpica). Coincidentemente, o mesmo número de estados brasileiros. Por isso, cada um dos 27 dias de caminhada é dedicado a uma instituição solidária de um estado. A ideia é promovê-las e conseguir doações pontuais de materiais que cada uma necessita. Para isso, ele documenta todo o trajeto em uma página no Instagram chamada Cadê Rodrigo (caderodrigoo), onde a campanha é divulgada.
Apesar de muitos, a ideia é que os passos até o Cristo Redentor, onde terminará a viagem, sejam os primeiros dentro de um objetivo social maior. “O projeto vai continuar. Quando eu chegar lá no Cristo, vou ver que o mais difícil já terá sido feito, então seguiremos em frente, ajudando mais gente, com participação de quem se interessar”, afirma Rodrigo Coelho.
Após seguir de Sete Lagoas para Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde dormirá neste sábado, ele diz também que apesar de difícil e fisicamente dolorosa, a caminhada está deixando uma lição importante. “Eu tinha, e ainda tenho, muito medo de que nós brasileiros, que sempre fomos conhecidos por gostar de ajudar, de estender a mão, estivéssemos perdendo essa essência. Nessa viagem estou percebendo que ela continua. Essa essência boa, de olhar no olho, das pessoas que dão bom dia, boa tarde, boa noite, escutam o que o autor tem a dizer, pelos interiores estou vendo isso. Pessoas que vivem em ritmos mais lentos em relação a quem mora nas capitais, pessoas sem acesso a rede social, que não estão nessa correria do dia a dia. São muitas histórias que encontrei, de gente do bem. Ultimamente estamos ouvindo e falando sobre mutias coisas ruins, então minha ideia é dar espaço para coisas bonitas. Assim nasce esse projeto”, diz Rodrigo. A previsão de chegada ao Rio é no dia 12 de agosto.
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