Novos mandados de busca e apreensão foram cumpridos por Polícia Civil e Ministério Público de Minas Gerais na manhã desta terça-feira na sede da Cervejaria Backer, no Bairro Olhos D’água, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte. A operação acontece depois de mais indícios, agora por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de erros na produção de bebidas, que causaram intoxicação de consumidores desde janeiro deste ano.
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Caso Backer: morre a 10ª vítima por intoxicação após consumo da cervejaCaso Backer: morre mais uma vítima de intoxicação por cerveja Polícia encontra caixas de cerveja contaminada da Backer em lote vago em BHBacker inicia processo de reparação de danos às vítimas oito meses depois do 1º caso de intoxicaçãoBacker produzia cerveja contaminada desde janeiro de 2019, diz Ministério da AgriculturaPolícia Ambiental estoura garimpo ilegal e prende oito pessoas em Conselheiro LafaieteServiço 190 da Polícia Militar de Sete Lagoas é integrado ao da capitalTorcidas organizadas de Atlético e Cruzeiro são alvos de busca e apreensão pela Polícia CivilMaterial apreendido na Backer sugere que cervejaria já sabia do vazamentoBH ganha primeiro 'Túnel de Desinfecção' contra o coronavírus; veja como funcionaO mandado cumprido nesta terça foi expedido pelo juiz da Vara de Inquéritos Policiais da capital mineira. A ordem aconteceu após requerimento da 14ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor. A Backer ainda não se manifestou sobre essa operação.
A ingestão de bebidas intoxicadas com monoetilenoglicol e dietilenoglicol produzidas pela Backer, como a cerveja Belorizontina, matou dez pessoas e vitimou outras 42. Os sobreviventes lutam para superar sequelas graves, como cegueira, paralisia facial e perda da função renal, síntomas da chamada síndrome nefroneural.
Inquérito
Na conclusão do primeiro inquérito policial, em junho, a Polícia Civil confirmou 29 vítimas e mais 30 casos ainda em análise. O caso segue com o Ministério Público de Minas Gerais.
Na ocasião, Ângela Minghini Cotta, filha de Marco Aurélio Gonçalves Cotta, de 65 anos, última vítima constatada, disse ao Estado de Minas que esperava que o pai tivesse qualidade de vida em seus últimos dias.
"A investigação confirmou que existia um erro, independentemente se foi causado intencionalmente ou não, o erro aconteceu e a empresa tem que se responsabilizar por aquilo, afinal de contas ela é responsável pelo produto que coloca no mercado. O mínimo que espero deles é que o tempo que meu pai ainda estiver vivo, ele tenha qualidade de vida para estar bem", disse.
Quebra de sigilo
O Tribunal de Justiça determinou a quebra de sigilo bancário das empresas que compõem o grupo econômico da Backer em 9 de julho.
O processo investiga os danos sofridos pelas vítimas de contaminação por monoetilenoglicol e dietilenoglicol após consumo das cervejas produzidas pela Backer. A ideia é apurar possíveis manobras para ocultar o patrimônio da cervejaria, cujos donos alegam falta de recursos para arcar com o tratamento médico dos intoxicados.