Novos mandados de busca e apreensão foram cumpridos por Polícia Civil e Ministério Público de Minas Gerais na manhã desta terça-feira na sede da Cervejaria Backer, no Bairro Olhos D’água, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte. A operação acontece depois de mais indícios, agora por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de erros na produção de bebidas, que causaram intoxicação de consumidores desde janeiro deste ano.
#MPMG e @pcmgoficial cumprem mandados de busca e apreensão na cervejaria #Backer. Leia em https://t.co/Nj5PwdqrRs. pic.twitter.com/hr6L0Vr2bf
— MPMG (@MPMG_Oficial) August 4, 2020
O mandado cumprido nesta terça foi expedido pelo juiz da Vara de Inquéritos Policiais da capital mineira. A ordem aconteceu após requerimento da 14ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor. A Backer ainda não se manifestou sobre essa operação.
A ingestão de bebidas intoxicadas com monoetilenoglicol e dietilenoglicol produzidas pela Backer, como a cerveja Belorizontina, matou dez pessoas e vitimou outras 42. Os sobreviventes lutam para superar sequelas graves, como cegueira, paralisia facial e perda da função renal, síntomas da chamada síndrome nefroneural.
Inquérito
Na conclusão do primeiro inquérito policial, em junho, a Polícia Civil confirmou 29 vítimas e mais 30 casos ainda em análise. O caso segue com o Ministério Público de Minas Gerais.
Na ocasião, Ângela Minghini Cotta, filha de Marco Aurélio Gonçalves Cotta, de 65 anos, última vítima constatada, disse ao Estado de Minas que esperava que o pai tivesse qualidade de vida em seus últimos dias.
"A investigação confirmou que existia um erro, independentemente se foi causado intencionalmente ou não, o erro aconteceu e a empresa tem que se responsabilizar por aquilo, afinal de contas ela é responsável pelo produto que coloca no mercado. O mínimo que espero deles é que o tempo que meu pai ainda estiver vivo, ele tenha qualidade de vida para estar bem", disse.
Quebra de sigilo
O Tribunal de Justiça determinou a quebra de sigilo bancário das empresas que compõem o grupo econômico da Backer em 9 de julho.
O processo investiga os danos sofridos pelas vítimas de contaminação por monoetilenoglicol e dietilenoglicol após consumo das cervejas produzidas pela Backer. A ideia é apurar possíveis manobras para ocultar o patrimônio da cervejaria, cujos donos alegam falta de recursos para arcar com o tratamento médico dos intoxicados.