Alunos de medicina do Vale do Jequitinhonha e Mucuri encaminharam manifesto à faculdade pedindo retomada das atividades, mesmo que de forma remota. Eles cobram da reitoria da Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) um planejamento de atividades e reclamam que estão sem respostas desde a suspensão das aulas em março.
Para os alunos próximos à formatura, a reclamação é a negativa da colação de grau, "contrariando a Medida Provisória 934/2020 e a Portaria 374, de 3 de abril de 2020, do Ministério da Educação" que autoriza a da cerimônia para os alunos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia, exclusivamente para atuação nas ações de combate à pandemia do novo coronavírus - Covid-19.
Segundo o manifesto a turma do último período de medicina do campus JK, em Diamantina, ja%u0301 cursou mais de 75% do internato e quase 90% de todo o curso de medicina."
O protesto também é em repúdio à "falta de suporte e de ensino remoto das mate%u0301rias teo%u0301ricas. Reconhecemos os impasses da adoça%u0303o universalizada do ensino a%u0300 dista%u0302ncia, mas tambe%u0301m o nota%u0301vel antagonismo levantado contra soluça%u0303o que pode beneficiar grande parcela dos discentes", diz o manifesto. E reivindicam medidas "concretas de ensino a%u0300 dista%u0302ncia para os estudantes carentes, como computadores de uso pu%u0301blico, laborato%u0301rios de informa%u0301tica e espaços de estudo como bibliotecas com acesso controlado e seguro no contexto de pandemia." Pedem também retorno do internato e estágios "desde os primeiros períodos".
O estudante do 7º período da medicina, Lucas Mendes Melo, reclama da falta de debates com a direção e de clareza de posicionamento "são notas vagas, uma comunicação de cima para baixo e sem transparência."
Ele disse que os alunos receberam uma nota da reitoria sobre a "possibilidade do ensino remoto e eventual retorno dos internados", mas sem nenhum "plano tangível para adoção dessas medidas."
O estudante Gabriel Monteiro de Moura, 23 anos, do 12° período, da Faculdade de Medicina do Muciri (FAMMUC), em Teófilo Otoni, conta que a sua turma tinha a possibilidade de formar antecipadamente devido à medida provisória em combate ao corona vírus, mas que a decisão cabe à universidade. "Tivemos apoio da coordenação, dos docentes e até mesmo da reitoria, mas o conselho universitário não foi favorável à decisão. Nossas atividades nesse momento do curso são eminentemente práticas e já estão autorizadas pela universidade, mas estamos dependendo da permissão dos serviços de saúde que negam nossa presença nesse momento - o ensino remoto não nos contemplaria. Ainda tentamos a antecipação da colação pela via institucional, mas entramos na justiça também visto que já fazem meses e o nosso caso ainda não obteve uma resposta definitiva. É importante salientar que a UFVJM é uma das únicas universidades de Minas Gerais a negar a antecipação da colação."
Em nota, ao jornal Estado de Minas a Coordenação do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina (Famed), Campus Jk, Diamantina, informou que o pedido de antecipação de colação de grau pelos alunos do 12º período foi discutido no colegiado do curso, composto por representantes de professores e alunos. E que conforme "a MP e o Projeto Pedagógico do curso (PPC), julgou inadequada a antecipação da colação de grau, considerando a estrutura do internato do curso de Medicina da Famed. De acordo com essa estrutura, no último período os discentes realizam 396 horas de internato em Urgência e Emergência, e 396 horas de internato em Cirurgia, lembrando que esses dois estágios referem-se a atividades eminentemente práticas hospitalares. O colegiado entende como indispensável a realização desse estágio na formação do futuro médico."
Diz ainda a nota que a coordenação entende que os alunos do 12º período possuem conhecimentos e habilidades técnicas que lhes permitem a realização de diversas atividades na área médica, "mas há ainda uma importante lacuna na formação deles, e é compromisso da UFVJM assegurar a formação de um profissional capacitado antes de diplomar esse profissional."
Universidade diz tomar providências para retorno consciente de suas atividades
A pró-reitora de Graduação, Orlanda Miranda Santos, infomou que a universidade trabalha para amenizar as consequências em relação às atividades acadêmicas, diante da situação de pandemia. "Para isso, já foi elaborada uma minuta de resolução que dispõe sobre a oferta em período especial, em caráter temporário e excepcional de atividades acadêmicas de forma não presencial nos cursos de graduação da UFVJM. A minuta já foi aprovada pelo Conselho de Graduação (Congrad) da UFVJM e enviada para aprovação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). "
De acordo com a pró-reitora, após aprovação, terá início imediato um calendário suplementar. A resolução autoriza, a critério dos colegiados de cursos, "a oferta de atividades acadêmicas não presenciais, com uso de recursos educacionais digitais, tecnologias de informação e comunicação ou outros meios convencionais, validados pelos colegiados, nos cursos de graduação da UFVJM, em período extemporâneo ao semestre letivo, em caráter temporário e excepcional, enquanto durar a Situação de Emergência em Saúde Pública devido à pandemia da Covid-19 e persistirem restrições sanitárias para presença dos estudantes no ambiente escolar."
Segundo a Universidade, por meio da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Proace), já há um levantamento de alunos socioeconomicamente vulneráveis, cadastrados, que precisam de computadores e internet para acesso às aulas, bem como mapeou os lugares onde estão atualmente distribuídos. "Ainda está sendo avaliada a melhor proposta para empréstimo de computadores e oferta de Internet."
A Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri tem 9.059 alunos matriculados na graduação, 8.439 presenciais e 620 em ensino à distância.
São 856 professores, em 46 cursos de graduação na modalidade presencial e em 5 cursos de graduação na modalidade a distância.
Na pós-graduação:
Especialização: 562 alunos
Mestrado: 762
Doutorado: 171 (23 cursos stricto sensu, três residências, seis especializações EAD).