Problemas emocionais e psíquicos são um dos reflexos da pandemia do novo coronavírus. É possível constatar o aumento da procura de remédios para tratar depressão e ansiedade na população em geral. Nos últimos dois anos, considerando um recorte para Minas Gerais, o volume de usuários para esses tipos de fármacos aumentou 35,5%. São dados aferidos em estudo coordenado pela ePharma, health tech com atuação no gerenciamento de planos de benefícios de medicamentos (PBM).
No acumulado registrado nos primeiros seis meses deste ano, consta o consumo desses medicamentos por 2.978 mineiros, 780 usuários a mais no paralelo com o mesmo período em 2018, com 2.198. Em 2019, foram 2.565 usuários. O levantamento abarca o número de beneficiários de programas empresariais de PBM em Minas Gerais. Na aferição de janeiro a junho de 2020, outra informação dá conta da utilização, no estado, de 13.939 caixas de medicamentos, o que refere-se a uma média de 4,7 unidades para cada pessoa.
A psicóloga Maria Clara Jost lembra que a pandemia provoca uma grande mudança no ritmo de vida. Com a volta para dentro de casa e dentro de si mesmo, na esteira dos sentimentos aflorados surgem novos questionamentos, alterações de hábitos e atitudes, considerações sobre os relacionamentos interpessoais e a sobre a própria existência.
"Há uma interrupção nos projetos, nos planos pessoais. Sentimentos que poderiam estar obscurecidos se evidenciam. Solidão, frustração, falta de sentido sobre a vida, estão entre eles. O indivíduo pode não ter mais em quem confiar. Um ruptura que traz à tona esses sentimentos com mais intensidade", diz.
Nesse ponto, continua Maria Clara, fatores externos se tornam desencadeadores de transtornos latentes (entre quem já tem a predisposição ou não) e, em outros casos, agravando circunstâncias já experimentadas, no que diz respeito à saúde emocional. A depressão é um deles. "Por outro lado, esta é uma oportunidade de reflexão sobre a necessidade de mudar uma situação que já estava na hora de mudar", pontua a psicóloga.