"A produção de vacinas é uma das maiores vitórias da sociedade. No entanto, não acredito que tenhamos vacinas disponíveis antes do terceiro trimestre de 2021, sendo otimista, pois, realista, eu diria que é uma estratégia para o segundo semestre de 2021.” Essa é a avaliação do epidemiologista mineiro Wanderson Kleber de Oliveira sobre a imunização contra o novo coronavírus, causador da COVID-19.
Ex-secretário de Vigilância em Saúde e considerado braço direito do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Wanderson, que completou 48 anos em 31 de julho, orienta que, por enquanto, “nossa vacina disponível está na máscara, na higienização das mãos, no distanciamento social”.
Natural de Bom Despacho, no Centro-Oeste de Minas Geras, criado em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e, desde 2001, residente em Brasília (DF), Wanderson se graduou em enfermagem na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), obteve os títulos de mestre e doutor em epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e tem formação em centros de excelência, incluindo a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Com tanta experiência, acredita que a vacina mais promissora “será aquela que apresentar maior eficácia e efetividade.” E o senhor tomaria alguma dessas vacinas anunciadas para este ano?, perguntou o Estado de Minas ao epidemiologista. Ele respondeu, com tranquilidade: “Eu tomaria qualquer vacina aprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nosso programa de imunização é um dos melhores e maiores do mundo, temos muita experiência e competência na produção de vacinas”.
Nesta entrevista, o ex-secretário, que após a passagem pelo Ministério da Saúde diz ter retornado à vida normal de servidor público federal, lembra que é preciso empenho das autoridades e da população para frear o avanço da contaminação pelo vírus. E se mostra esperançoso. “A saída está próxima. Em alguns meses iniciaremos a vacinação e venceremos esta batalha.”
Nas perguntas, o EM contou com a contribuição de dois mineiros, gente simples do interior que não esconde a preocupação com a pandemia. Perguntou uma mulher: “Doutor, mesmo tomando a vacina que anunciam aí, vamos ter que continuar usando máscara?”. E o epidemiologista foi categórico: “Sim! Até que tenhamos eliminado o vírus, será preciso usar máscara”.
Ex-secretário de Vigilância em Saúde e considerado braço direito do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Wanderson, que completou 48 anos em 31 de julho, orienta que, por enquanto, “nossa vacina disponível está na máscara, na higienização das mãos, no distanciamento social”.
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Nesta entrevista, o ex-secretário, que após a passagem pelo Ministério da Saúde diz ter retornado à vida normal de servidor público federal, lembra que é preciso empenho das autoridades e da população para frear o avanço da contaminação pelo vírus. E se mostra esperançoso. “A saída está próxima. Em alguns meses iniciaremos a vacinação e venceremos esta batalha.”
Nas perguntas, o EM contou com a contribuição de dois mineiros, gente simples do interior que não esconde a preocupação com a pandemia. Perguntou uma mulher: “Doutor, mesmo tomando a vacina que anunciam aí, vamos ter que continuar usando máscara?”. E o epidemiologista foi categórico: “Sim! Até que tenhamos eliminado o vírus, será preciso usar máscara”.
O Brasil se aproxima aceleradamente da marca de 100 mil mortos em decorrência da COVID-19. Ainda é possível frear essa situação ou o senhor acredita que os números vão crescer cada vez mais?
Ainda é possível mitigar a transmissão por meio das medidas não farmacológicas. No entanto, o estágio em que estamos exigirá maior empenho das autoridades e da população.
Há muitas pesquisas sobre vacinas sendo feitas, inclusive o governo de São Paulo anuncia que, se aprovada na terceira etapa de testes, uma vacina de fabricação chinesa poderá ser produzida a partir de novembro. Como o senhor vê o andamento desse trabalhos? Qual vacina é a mais promissora?
A produção de vacinas é uma das maiores vitórias da sociedade. No entanto, não acredito que tenhamos vacinas disponíveis antes do terceiro trimestre de 2021, sendo otimista. Pois, realista, eu diria que é uma estratégia para o segundo semestre de 2021. Sobre a vacina mais promissora, será aquela que apresentar a maior eficácia e efetividade. Não quer dizer que sejam essas vacinas às quais estamos nos associando. Elas podem ser as melhores ou pode ser também que não tenham o efeito desejado. É preciso dar tempo ao tempo. Enquanto isso, a nossa vacina disponível é a máscara, a higienização das mãos e o distanciamento social (1,5 metro).
Sinceramente: o senhor tomaria alguma dessas vacinas ainda este ano?. Ou prefere esperar por mais estudos e testes?
Eu tomaria qualquer vacina aprovada pela OMS e pela Anvisa. Nosso programa de imunização é um dos melhores e maiores do mundo. Temos muita experiência e competência na produção de vacinas. Não acredito que qualquer produto que não seja seguro esteja disponível no mercado. Nossa vigilância sanitária é muito criteriosa.
Ao deixar a Secretaria de Vigilância em Saúde o senhor disse que havia uma “pedra no caminho”, citando o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, numa referência às interferências do governo federal no Ministério da Saúde. As pedras continuam existindo?
Não faço parte do governo. Para mim, as pedras foram retiradas a partir do momento de minha saída. No entanto, sobre ainda existirem pedras no caminho da saúde pública... creio que sim.
O Brasil registra centenas de mortes pela COVID-19, de médicos, enfermeiros, técnicos e assistentes de enfermagem, pessoas que estão na linha de frente nos hospitais. Como avalia a atuação desses profissionais, já que muitos trabalharam sem EPIs (equipamentos de proteção individual)?
Esses são os verdadeiros heróis. Eu me preocupo com meus colegas que estão atuando não somente pela questão da segurança física pelo uso de barreiras de proteção; faltam também apoio e suporte para a saúde mental desses profissionais.
Como o senhor analisa a situação em Minas Gerais? Acha, a exemplo do que já disse o governador Romeu Zema, que o estado pode já ter superado o momento mais delicado de enfrentamento à pandemia?
Conheço os técnicos da Secretaria de Saúde do estado e de vários municípios. São profissionais que estão fazendo o máximo possível. Enfrentamos muitos desafios sobre os testes que ainda não foram devidamente superados. Além disso, estamos na fase de maior transmissão, como previsto. Creio que vários municípios estão fazendo um trabalho possível, enquanto outros ainda precisam de maior engajamento dos gestores e da sociedade. Belo Horizonte está fazendo um ótimo trabalho. Esta pandemia ainda vai cursar por vários meses, por isso não é possível relaxar.
Sobre Belo Horizonte, houve uma liminar judicial, depois cassada, autorizando a reabertura de bares e restaurantes. É melhor deixar a cervejinha na mesa do bar para depois da pandemia?
Apesar de saber do papel dos bares e botecos para a sociedade de BH, não entendo como uma sociedade pode considerar bar como serviço essencial e não considerar escolas.
Faço agora duas perguntas de uma mulher e de um homem, gente simples do interior mineiro:
– Doutor, mesmo tomando a vacina que anunciam aí, vamos ter que
continuar usando máscara?
Sim! Até que tenhamos eliminado o vírus será preciso usar máscara. Também espero que seja um hábito, principalmente no inverno. A máscara se tornou um acessório pessoal que protege você e seus próximos.
– Doutor, sou um homem preocupado. O que posso dizer aos meus filhos: há saída?.
Sim, e a saída está próxima! Em alguns meses iniciaremos a vacinação e venceremos esta batalha. As epidemias fazem parte da sociedade há séculos. Sempre saímos e essa não será a última. Só precisamos aprender com o momento e buscar nos preparar para o futuro.
Após a saída do Ministerio da Saúde, como tem sido sua vida profissional?
Sou servidor público federal e presto consultoria para alguns estados e municípios sobre epidemiologia. Voltei para minha vida normal, dentro do possível.
Se fosse escrever um livro sobre sua passagem pelo Ministério da Saúde, a exemplo do seu ex-chefe, o ministro Mandetta, qual seria o capítulo de maior destaque?
Seria o da transparência nas informações. Fizemos um trabalho digno e responsável para informar as pessoas, com o apoio da imprensa. Este foi o maior legado de nossa gestão: transparência, ciência e articulação com estados e municípios.
O senhor acha que a melhor orientação continua sendo mesmo ficar em casa? Por quê?
A melhor orientação é use máscara, higienize as mãos com frequência, mantenha distância de 2 metros de outras pessoas, sempre que possível, evite apertos de mãos, abraços e beijos no rosto ao cumprimentar outras pessoas, e só saia de casa por extrema necessidade. Esse é o contexto atual do “fique em casa”. Para as pessoas doentes é não saia de casa, a não ser para o serviço de saúde. Só assim vamos criar as condições para realmente sai de casa literalmente.