O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou nessa terça-feira o relatório definitivo sobre os casos de intoxicação provocada pela ingestão de bebidas da Cervejaria Backer, que se tornaram públicos em janeiro deste ano. Segundo o documento do órgão ligado do Governo Federal, a empresa apresentava falha na produção dos produtos desde janeiro de 2019.
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Material apreendido na Backer sugere que cervejaria já sabia do vazamentoPolícia Civil e MP cumprem novos mandados de busca e apreensão na sede da BackerCaso Backer: morre a 10ª vítima por intoxicação após consumo da cervejaVítima da Backer, professor da UFMG vai receber rim da mulherDonos da Backer são denunciados por homicídio culposo e lesão corporalMPMG denuncia donos da Backer e outras sete pessoas pela morte e lesão de consumidoresBacker inicia processo de reparação de danos às vítimas oito meses depois do 1º caso de intoxicação“O relatório ressalta que as substâncias MEG e DEG não são produzidas pela levedura cervejeira em condições normais de produção da bebida. Tampouco foram identificadas contaminações desta natureza em análises realizadas em cervejas nacionais e importadas. Conforme revisão da literatura científica, tal contaminação é inédita em alimentos no Brasil”, completa o ministério.
O relatório do Ministério da Agricultura também diz que a cervejaria apresenta “diversas falhas e lacunas” na gestão, com relatórios incompletos e controles ineficientes. Por fim, o órgão ratifica: “A Cervejaria Backer segue interditada até que seja possível afirmar que não há riscos para a produção de cervejas no local”.
Também nessa terça, Polícia Civil e Ministério Público de Minas Gerais cumpriram novos mandados de busca e apreensão na sede da cervejaria, no Bairro Olhos D’água, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte. Houve o confisco de mais de mil fichas de produção das cervejas, que indicaram que a empresa tinha ciência das falhas no processo.
Inquérito
Na conclusão do primeiro inquérito policial, em junho, a Polícia Civil confirmou 29 vítimas e mais 30 casos ainda em análise. O caso segue com o Ministério Público de Minas Gerais.
Na ocasião, Ângela Minghini Cotta, filha de Marco Aurélio Gonçalves Cotta, de 65 anos, última vítima constatada, disse ao Estado de Minas que esperava que o pai tivesse qualidade de vida em seus últimos dias.
"A investigação confirmou que existia um erro, independentemente se foi causado intencionalmente ou não, o erro aconteceu e a empresa tem que se responsabilizar por aquilo, afinal de contas ela é responsável pelo produto que coloca no mercado. O mínimo que espero deles é que o tempo que meu pai ainda estiver vivo, ele tenha qualidade de vida para estar bem", disse.
Quebra de sigilo
O Tribunal de Justiça determinou a quebra de sigilo bancário das empresas que compõem o grupo econômico da Backer em 9 de julho.
O processo investiga os danos sofridos pelas vítimas de contaminação por monoetilenoglicol e dietilenoglicol após consumo das cervejas produzidas pela Backer. A ideia é apurar possíveis manobras para ocultar o patrimônio da cervejaria, cujos donos alegam falta de recursos para arcar com o tratamento médico dos intoxicados.