O novo coronavírus já alcançou 95% dos municípios de Minas Gerais. Das 853 cidades que compõem o estado, apenas 38 – o mais populoso deles, Pedra de Maria da Cruz, na Região Norte, tem 12.107 habitantes – escapam da estatística de casos confirmados de COVID-19, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). As regiões Noroeste e Triângulo Mineiro já foram toda tomadas pela doença. Nas outras, poucas cidades ainda persistem sem registros de infecções pelo vírus. Na Região Central, por exemplo, somente cinco municípios fazem parte do grupo de “zero caso”. Mas não estão blindados contra o micro-organismo. É o caso de Queluzito e Casa Grande, cidades vizinhas uma da outra e com média de 2 mil habitantes, que recebem diariamente pessoas de Belo Horizonte e de outras localidades com alto número de infectados.
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Nas ruas tranquilas do perímetro urbano, José Pereira Zebral Neto, de 69, se encontra com companheiros que o chamam pelos apelidos Goiano ou Fim. Montado em sua égua, ele alerta: “Tem que ser de longe”. Na terça-feira, o irmão, de 50, foi internado em um hospital em Conselheiro Lafaiete, a 20 quilômetros da cidade, com dores no peito. Apesar de ser um dos sintomas da COVID-19, a família não acredita que seja a infecção.
“Ele tem problema de coração e outras coisas. Creio que não seja coronavírus, mas fica a suspeita. Fizeram o teste dele lá e deve sair em cinco dias”, disse Goiano, ressaltando que segue as medidas de prevenção ao contágio. “Não fico ‘aplantando’ por aí sem máscara. Lavo as mãos bem lavadinhas.”
Queluzito adotou ao programa Minas Consciente, do governo estadual, que estabelece protocolos sanitários para que as prefeituras possam avaliar condições e permitir – ou não – a retomada das atividades da economia em meio à pandemia do novo coronavírus. “A orientação vinda do estado foi boa pra nós porque podemos ter a retomada com consciência”, avalia o prefeito.
A 12 quilômetros, em Casa Grande, a prefeitura também aderiu ao programa. A exemplo de Queluzito, o município também não teve registro de casos. Além de adotar as mesmas medidas de prevenção, a administração acredita que o clima foi favorável ao isolamento social. “A gente tem visto que o pessoal está bem recolhido. E o frio ajuda, é muito intenso”, conta o secretário municipal de Administração, José Maurílio Gonçalves.
E mesmo sob o sol, durante a pandemia o cenário é de segurança para evitar o contágio: igreja vazia, ruas livres e o som dos pássaros cantando. Na praça da igreja matriz, uma faixa que pode soar como indelicadeza pede bom senso diante da questão de saúde pública. “Você está vindo visitar sua família? Se você realmente ama eles, volte para sua casa, a saudade não mata, mas a COVID-19 sim”, diz o banner. Mensagem que até então tem dado resultado, segundo a prefeitura. “Temos um agravante que é estar próximo de Conselheiro Lafaiete e Barbacena.O risco de contaminação é grande, mas ficamos atentos.”
No posto de gasolina da cidade, o empresário Ataíde Silvério Júnior, de 50, atende pessoas de vários cantos e pressiona os visitantes. “Tenho medo (do coronavírus) porque no início as pessoas iam pra roça. Até andei discutindo com uns. Eu falava ‘ou você fica em casa ou fica em outra cidade’. Alguns até deixaram de vir aqui”, conta. No estabelecimento em frente, o comerciante Valdir Dutra, de 76, sente orgulho de não haver coronavírus em sua cidade. “Tem notícia de coronavírus nem em pensamento. Se tiver um ali com dor de cabeça eu sei aqui. Eu acho que é muito bom porque, graças a Deus, o povo aqui é sadio”, conta, comparando a doença às aparições de cobras nos sítios. “Não tenho nem um pingo de medo dessa doença. Quem guarda a gente é Deus. Aqui cobra matou mais do que coronavírus.”
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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