O policial penal suspeito da matar o adolescente Josué Nogueira, de 16 anos, em Montes Claros, no Norte de Minas, foi preso nesta quarta-feira (5). A prisão preventiva foi determinada pelo juiz Geraldo Andersen de Quadros Fernandes, da Vara de Execuções Tribunais e do Tribunal do Júri de Montes Claros.
O adolescente foi morto com um tiro na cabeça, na madrugada de 19 de julho, na Vila Anália, cidade do Norte do estado. O agente penitenciário, V. A. T., de 40 anos, que estava de folga, foi preso pela Polícia Militar logo após o homicídio, sendo autuado em flagrante. Ele alegou legitima defesa e foi solto no dia seguinte ao crime, o que revoltou os familiares da vítima.
O juiz determinou a prisão preventiva em atendimento a pedido do Ministério Público, que além do depoimento de colegas do adolescente, recorreu a filmagens da cena do homicídio, feitas por câmeras de segurança de vizinhos do local do assassinato para confrontar a versão do suspeito de que agiu em legítima defesa.
O agente penitenciário alegou à polícia que um grupo de adolescentes teria jogado pedras e garrafas no telhado da casa dele que, por isso, ele saiu da residência e fez um disparo, atingindo Josué, sem a intenção de matar.
A família contestou a versão do suspeito, alegando que ele cometeu um homicídio a sangue frio. “Meu filho levou um tiro na cabeça pelas costas”, disse o pai do adolescente. “Foi execução”, completou a mãe da vítima.
Em 28 de junho, familiares e amigos de Josué fizeram um protesto em Montes Claros, clamando por justiça. O caso também repercutiu nas redes sociais.
O promotor Guilherme Miranda, que pediu a prisão preventiva do agente penitenciário, disse, no auto de prisão em flagrante, que foram ouvidos apenas o suspeito e a mulher dele. Eles alegaram legitima defesa, o que levou o juiz de plantão a conceder a liberdade provisória.
O promotor solicitou à Delegacia de Homicídio que ouvisse também o depoimento dos outros adolescentes que estavam em companhia de Josué. Também foram analisadas imagens de câmeras de vídeo, que registram a cena do crime.
“Tão logo a delegacia nos remeteu os depoimentos dos adolescentes, além de imagens de câmeras de segurança da vizinhança, ficamos convencidos de que a alegada legítima defesa do policial penal não condizia com as provas que estavam sendo obtidas nas investigações”, afirmou o representante do MPMG.
O agente penitenciário foi encaminhado para a Cadeia Publica de Bocaiúva, para onde estão sendo levados os novos presos da região durante a pandemia da COVID-19. A defesa do suspeito anunciou que vai impetrar um pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, pleiteando a liberdade dele.
A prisão do policial penal foi comemorada pela família de Josué. “Pra nós, foi um alívio saber que a justiça está sendo feita”, disse, nesta quinta-feira (6), a manicure Ellen Teixeira, de 31 anos, tia do adolescente. “Que ele seja julgado e condenado”, completou.