Jornal Estado de Minas

MANIFESTAÇÃO

Ato com mil cruzes no Centro de BH critica reabertura do comércio: 'Não é hora'

Gritos de "Bolsonaro genocida" e "Fora Zema" deram o tom dos protestos que ocuparam a Praça Sete e a Praça da Estação, Centro de Belo Horizonte, na manhã desta sexta-feira (7). O ato, que integra um movimento organizado em diversas capitais do país, fincou mil cruzes em homenagem aos quase 100 mil mortos pela COVID-19 no Brasil, identificadas com o nome de cada vítima. 





"O ato de hoje é simbólico, em homenagem aos cem mil brasileiros mortos, mas também é um protesto contra a irresponsabilidade do presidente. Não é uma gripezinha. Se fizermos um comparativo do Brasil com outros países em situação econômica pior do que a nossa, veremos que eles conseguiram fazer um controle melhor da pandemia", argumentou Israel Arimar, presidente do Sindicato dos Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel)

Liderada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), ao lado de sindicatos e movimentos sociais diversos, a manifestação também criticou a reabertura do comércio na capital, autorizada pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) nessa quarta-feira (5). Para Vanessa Portugal, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Belo Horizonte (Sindrede-BH), a flexibilização pode levar a novo estrangulamento do sistema de saúde, além de arriscar a vida dos mais vulneráveis. 

"É lamentável porque abre (o comércio) num patamar ainda alto da doença. A ausência de um plano de socorro aos pequenos e microempresários e aos trabalhadores é determinante para que a gente não consiga ter um isolamento social efetivo. Claro que o dono do pequeno negócio está desesperado para abrir as portas, ele vai falir. E não tem socorro  financeiro para ele. E nisso tudo há uma contradição: o governo tem um trilhão de reais para salvar os bancos, que já estão reservados. Já para socorrer os pequenos, não tem. Então, é uma loucura", afirmou a organizadora. 





A pauta dos manifestantes inclui repúdio à reforma da previdência encaminhada à Assembleia Legislativa de Minas Gerais pelo governador Romeu Zema (Novo) e às mudanças trabalhistas promovidas no setor privado durante pandemia. "As medidas que estão sendo tomadas são no sentido de tirar direito dos trabalhadores, como redução da jornada de trabalho, flexibilização dos contratos. Isso é um golpe. Estão usando a COVID-19 para aplicar propostas que o governo já tinha antes", afirma Vanessa. 

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