Serviços de venda online, seja usando redes sociais ou aplicativos de mensagens, passaram a se tornar não só alternativa, mas a única forma do comércio continuar trabalhando no contexto da pandemia de COVID-19. Em várias cidades de Minas Gerais, surgiram alternativas para isso, como a criação de perfis colaborativos ou mesmo serviços oferecidos pelo poder público.
Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, por exemplo, desde o fim de julho foi criado um catálogo de comércios que pode ser acessado via whatsapp. Nesse caso, é preciso enviar uma mensagem ao número da prefeitura e escolher “Mais Negócio”. Ao informar o tipo de empresa que a pessoa precisa e o bairro onde ela está, é enviada uma lista de negócios cadastrados com endereço, telefone, perfis em redes sociais e horário de atendimento de vários estabelecimentos.
Hoje o sistema conta com o cadastro de quase 1 mil empresas e a procura chega a 2 mil acessos, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo de Uberlândia, Rafael Porto. “O objetivo é privilegiar o comércio do bairro, incentivar uma nova forma das pessoas venderem seu produtos e evitar circulação, atendendo critérios econômicos e de saúde”, explicou. Inicialmente a ideia era criar um aplicativo para o serviço, contudo, o temor era dificultar o acesso ao catálogo, o que levou a aproveitar uma ferramenta que já existia, o chamado “Zap Da Prefeitura”.
Qualquer pessoa jurídica regularizada na cidade pode participar, mas, para os próximos dias, segundo Porto, a ideia é possibilitar que pessoas físicas se cadastrem para oferecer produtos e serviços e, posteriormente, incentivar a formalização dessas pessoas via Microempreendedor individual (MEI). O serviço vai ser mantido no pós-pandemia.
Comércio
Com o serviço recente, os comerciantes ainda puderam mensurar se houve aumento sensível nas demandas, até porque muitos empresários ainda terminam a validação no Mais Negócio. De acordo com o empresário Ronan Ferreira, que tem um comércio de produtos para organização doméstica, a ferramenta é mais uma vitrine e segue a tendência atual, com restrições no comércio físico. “Outra ferramenta para nos encontrar, independente até da pandemia. No meu setor tivemos queda de vendas e precisamos nos reinventar. Usamos whatsapp e precisamos aprender a vender online”, disse.
Sócia proprietária de uma revenda de autopeças e de serviço de mecânica, Késsia Guimarães espera expandir a carteira de clientes com o serviço, no qual se cadastrou há poucos dias. “A gente sempre teve nosso Whatsapp e nossos consultores também, mas principalmente para os clientes já cadastrados, agora acho que podemos buscar outras pessoas com a exposição”, afirmou.
Vendas pelo Instagram
Franciele Xavier é jornalista, mas se sensibilizou com a crise enfrentada pelos pequenos empresários de Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH (RMBH). “Sempre me perguntava: como os pequenos vão sobreviver?”, conta Franciele. Após conversar com amigos e parentes, e pesquisar nas redes sociais, a jornalista resolver criar um perfil no Instagram para divulgar os negócios locais que estavam realizando entregas na cidade. “Eu queria incentivar autônomos e ambulantes que não tinham muito acesso ou conhecimento de redes sociais”, explica. Hoje o perfil já conta com 1.374 seguidores, e Franciele recebeu até propostas para vender o perfil. “Não aceitei. Meu objetivo nunca foi monetizar o perfil”.
Daniela Coelho é dona de um brechó em Santa Luzia, e viu suas vendas crescerem após divulgar o negócio no perfil. “Eu entrego e recolho roupas nas casas dos clientes. Nesse momento em que as pessoas estão economizando e usando roupas só em casa, o brechó é uma boa alternativa”, lembra a empresária.