Na tarde desta quarta-feira (12), quem passava pela frente do prédio do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte, viu e ouviu um grupo gritando a plenos pulmões: “Em Santa Luzia, não”. O protesto era contra a construção de um assentamento da Cohab no Bairro Novo Centro, em Santa Luzia.
A carreata começou ainda pela manhã e passou em frente ao prédio da prefeitura municipal, além de avenidas e bairros da cidade da Região Metropolitana de BH (RMBH). Com um carro de som, os organizadores pediam o apoio da população. No início da tarde, o grupo se deslocou para Belo Horizonte, onde passou pela avenida Afonso Pena e parou nos arredores do prédio do TJMG.
O líder do movimento, Davidson dos Santos, explicou que a revolta de todos é pela forma com que o projeto está sendo realizado. “Temos famílias aqui em Santa Luzia que também estão em situação de vulnerabilidade, gente que perdeu tudo nas chuvas do início do ano. E eles querem se livrar de pessoas que estão nos municípios deles mandando essas famílias para cá”, reclama.
Ainda de acordo com o líder do movimento, o intuito não é excluir as pessoas que seriam beneficiadas pelo assentamento. “Santa Luzia é uma cidade hospitaleira, mas não podemos deixar eles virem para cá e ficarem à míngua. Estamos prevendo o caos”, relata.
Desde o início do mês, moradores da cidade vêm se organizando contra a construção de um assentamento que abrigaria 722 famílias provenientes de invasões em Belo Horizonte e Contagem. Um abaixo-assinado criado nas redes sociais já acumula 1.604 assinaturas e quase 10 mil visualizações.
Doação de lotes
Em nota, a Cohab Minas afirmou que os lotes a serem doados são de propriedade da própria companhia. Por meio da assessoria, a Cohab ainda reiterou a disponibilidade em discutir o tema com a população de Santa Luzia, mas reafirmou o compromisso em buscar formas de oferecer moradias dignas para as famílias que perderam seus lares.