O governador Romeu Zema (Novo) utilizou o Twitter, nesta quarta-feira (12/8), para dizer que a Secretaria de Desenvolvimento Social e Econômico (Sedese) havia pedido a suspensão da ordem de despejo executada pela Polícia Militar na área da antiga Usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, no Sul do estado. Inicialmente, o Estado de Minas publicou que o pedido da secretaria havia sido feito após o início da reintegração de posse. Por meio de sua assessoria de imprensa, contudo, o Executivo estadual explicou que a solicitação foi entregue ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) antes do início da operação.
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Além da Sedese, assinam o texto o Conselho Estadual de Direitos Humanos (CONEDH), a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil-Seção Minas Gerais (OAB-MG) e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O documento alerta para os riscos de uma ação de despejo ante a pandemia do novo coronavírus.
“Como o pedido não foi aceito, a reintegração determinada pela Justiça passou a ser cumprida nesta quarta. A PM dá suporte a uma ação do oficial de justiça responsável pelo cumprimento da ordem judicial para reintegração de posse. A ordem para execução da reintegração de posse foi determinada pelo juízo da Comarca de Campos Gerais, que cabe a decisão”, informou o governador.
O primeiro tuíte de Zema, contudo, gerou confusão. Durante audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa para debater a reforma da Previdência estadual, a deputada Beatriz Cerqueira (PT) leu o post do governador em tom de comemoração.
“Eu vi, aqui, um tuite do governador dizendo que mandou suspender o despejo em Campo do Meio. Governador atrasado. O deputado André Quintão (do PT) não está aqui (na reunião) pois passou o dia mediando esse conflito. Eu procurei o governador e o comando da Polícia Militar. Tem dias que buscamos a mediação. Governos têm que aprender a mediar. Esse é um governo que não conversa. Depois de um dia inteiro e do terror vivido pelas famílias, fez a suspensão”, disse a parlamentar, ainda sem ter ciência do esclarecimento de Zema.
A primeira mensagem do governador foi publicada às 17h26. Depois, às 19h01, ele construiu um ‘fio’ para se corrigir.
Entenda
O conflito fundiário na Fazenda Ariadnópolis ocorre desde o final da década de 1990, em virtude da falência da empresa Usina Ariadnópolis Açúcar e Álcool S/A, também instalada na área. O empreendimento não teria ressarcido os trabalhadores demitidos, o que motivou, em 2002, a ocupação do local. As primeiras famílias, contudo, se mudaram para o terreno cinco anos antes, quando as operações da usina já estavam suspensas.