A visita do governador Romeu Zema (NOVO) a Governador Valadares na manhã desta quinta-feira (13) serviu para acalmar os ânimos de uns e enfurecer outros. Antes da chegada de Zema, em frente ao prédio da prefeitura, um grupo de educadores físicos, todos uniformizados, o aguardava perto de um carro de som que transmitia mensagens pedindo a liberação do funcionamento das academias de ginástica.
Como entrou pelos fundos e tomou o elevador privativo do prefeito André Merlo (PSDB), cuja porta se abre dentro do gabinete, o governador não viu a manifestação.
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Assim que saíram do gabinete do prefeito e entraram no Auditório Luiz Franco para a solenidade de entrega dos equipamentos para auxiliar no tratamento de pacientes com COVID-19 e dos títulos de regularização fundiária urbana, a comitiva do governador e o prefeito André Merlo anunciaram a nova classificação do município aos jornalistas e convidados.
Visivelmente emocionado com a boa nova trazida pelo governador Zema, o prefeito disse que o anúncio da entrada de Governador Valadares na onda amarela era “um verdadeiro presente para a cidade”, lembrando que o comércio é a base da economia local e não poderia jamais estar fechado. Ele agradeceu ao governador e ao secretário de estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, por terem compreendido a situação crítica em que a cidade se encontrava.
Cordialidade
Em clima de cordialidade, o governador Zema e o prefeito André Merlo fizeram a entrega simbólica dos títulos de regularização fundiária urbana para três moradores dos bairros Santa Terezinha e Turmalina. Nos próximos dias, a prefeitura vai entregar outros 890 títulos. Zema disse que a entrega faz parte de um esforço de seu governo para regularizar a situação de muitas famílias que agora podem dizer que são as legítimas proprietárias de seus imóveis, ocupados de forma irregular há décadas.
Zema lamentou vir a Governador Valadares apenas nos momentos difíceis, como em sua visita à cidade para ver os estragos provocados pelas enchentes do início do ano, e agora, em meio à pandemia do novo coronavírus. Lamentou também as vidas perdidas pela COVID-19, mas disse que tem a consciência tranquila, porque ninguém morreu por falta de atendimento médico, e sim porque “o vírus é muito mais forte que as pessoas que têm problemas de saúde”.
Além de entregar 14 respiradores, que vão possibilitar a abertura novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para tratamento da COVID-19, Zema também entregou 6 bipaps, 4 cardioversores e 9 respiradores de transporte para o Hospital Municipal e o SAMU Consurge.
O governador disse que, dos 1.678 novos leitos de UTI viabilizados em todo o estado desde o início da pandemia, 48 estão na macrorregião de saúde do Leste de Minas. Lembrou que antes da pandemia a macrorregião tinha apenas 22 leitos, e agora conta com 70. “Vamos sair dessa pandemia muito mais fortalecidos, com maior infraestrutura de saúde”, disse.
Reparações
Zema reforçou seu otimismo afirmando que até o fim de 2020 serão iniciadas as obras do Hospital Regional de Governador Valadares, com recursos da Fundação Renova. O governador disse que as negociações com a Renova para reparar os danos causados às cidades de Minas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, “sempre andaram a passos de tartaruga”, mas agora ganharam um ritmo acelerado, graças a uma parceria que ele fez com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), para cobrar essa reparação, para cidades mineiras e espiritossantenses.
Para superar de vez os problemas causados pela pandemia, o secretário Carlos Eduardo Amaral disse que Minas Gerais, a exemplo de outros estados, tem interesse em participar das fases de testes das vacinas contra o novo coronavírus, mas com os devidos cuidados. Disse que já está negociando com duas empresas que estão na fase 2 dos testes, que serão aplicados em voluntários residentes nas cidades de Minas. Ele não revelou quais são as empresas, mas disse que as conversas estão bastante adiantadas.
Academias
Ao final da visita, os educadores físicos manifestaram a insatisfação com as medidas restritivas do Minas Consciente. Walber Cota, professor de Educação Física, disse considerar um absurdo as academias de ginástica permanecerem fechadas. Segundo ele, o setor está muito prejudicado e vai entrar com um mandado de segurança para poder funcionar, a exemplo do que foi feito em Belo Horizonte.
Daniel Pereira de Sousa, presidente Associação dos Profissionais de Educação Física do Vale do Rio Doce (APEF), também demonstrou insatisfação com o governo do estado. “A posição que o governo tomou em relação às academias está muito errada. Os profissionais de educação física promovem saúde e deveriam continuar trabalhando para poder ajudar a população. As academias fizeram tudo o que foi solicitado, agendamento de horários, higiene dos ambientes, e mesmo assim não tivemos como continuar atendendo”, reclamou.