Sustentabilidade, cidadania e solidariedade. Esses são os pilares do projeto de uma organização não governamental, com atuação há sete anos no Bairro Lagoinha, na Região Noroeste de Belo Horizonte, para atender trabalhadores da coleta de material reciclável, especialmente durante a pandemia do novo coronavírus. Com previsão de começar em setembro, a iniciativa do Instituto de Estudos do Desenvolvimento Sustentável (Ieds) é garantir banho para homens e mulheres e higienização das roupas usadas por eles, informa o diretor da entidade, o psicólogo Vilmar Sousa.
De forma inédita na capital para essa finalidade, o projeto Aquabox vai usar como estrutura um contêiner com 12 metros de comprimento, 2,44m de largura e 2,90m de altura. Na estrutura, com instalação prevista para área municipal na Avenida Antônio Carlos, no chamado Complexo da Lagoinha – onde é grande a concentração dessas pessoas, muitas em situação de vida na rua – , poderão ocorrer 40 atendimentos por dia.
O Ieds informa aguardar autorização da Prefeitura de Belo Horizonte para finalizar a ação emergencial. Com prazo de seis meses de benefício aos trabalhadores de baixa renda, o Aquabox tem vários colaboradores, incluindo equipe de arquitetos e urbanistas, entre eles João Otoni e Maurício Santiago.
Higiene
O objetivo é fornecer uma estrutura para que essas pessoas possam tomar banho e lavar suas roupas em local adequado às práticas de higiene, prevenindo-se da COVID-19. “Trata-se de uma população extremamente vulnerável, que hoje ocupa uma área de grande visibilidade na cidade, parte do nosso histórico Bairro Lagoinha”, destaca Vilmar Sousa.
O contêiner com banheiro e lavanderia será instalado “em área de grande concentração de atividades de coleta de material reciclável e marcada por grande degradação ambiental”, ressalta Vilmar. O projeto foi aprovado no edital do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), que vai patrocinar a empreitada solidária.
Um dos entusiastas do Aquabox é o arquiteto Leonardo Castriota, professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), colaborador do Ieds e presidente do Icomos Brasil (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios). “Falta só a autorização da prefeitura, pois precisamos do sinal verde a fim de trazer o contêiner de Santos (SP).”
Castriota explica que é preciso urgência, especialmente diante do avanço da pandemia no país. “Estamos propondo a cessão temporária de uma área pública, já que a prefeitura tem mecanismo legal para isso. O projeto tem previsão de durar seis meses, com possibilidade de continuidade.”
Resposta
Em nota, a Secretaria Municipal de Política Urbana (SMPU) esclarece que recebeu material do qual consta o conceito da proposta, bem como imagens de um projeto-padrão de edificação em contêineres, contendo área de lavanderia e banho para atendimento à população em situação de rua. “O material, a despeito de indicar a região da Lagoinha como área preferencial, não identifica o local pretendido para a implantação, o que impediu uma análise pormenorizada da proposta”. A pasta informa que aguarda retorno de contato feito para esclarecimento de dúvidas. A organização não governamental confirmou que um representante da secretaria entrou em contato com a direção.
O projeto
Instalações em contêiner com
» Sanitários
» Lavanderia
» Chuveiros
» Barbearia
PBH amplia o Bolsa Moradia
O Programa Bolsa Moradia, da Prefeitura de Belo Horizonte, será ampliado para mais 800 famílias com trajetória de vida nas ruas, anunciaram a Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania e a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel). O primeiro grupo de beneficiários é formado por 350 famílias (cerca de 500 pessoas) que vivem em abrigos municipais. O segundo é composto por 450 pessoas que cotidianamente pernoitam nas instituições e buscam sair das ruas. Com o atendimento, haverá liberação de vagas nos abrigos públicos da capital. O projeto dá bolsa mensal de R$ 500, por até 30 meses, e deve ter investimento de R$ 12 milhões até 2024.