Jornal Estado de Minas

SANTA LUZIA

Polícia prende quatro pessoas que aplicavam 'golpe da carta contemplada'

O golpe da “carta contemplada”. Depois de 45 dias de investigações, policiais civis da Delegacia de Santa Luzia identificaram e prenderam integrantes de uma quadrilha que agia na região. Quatro autores do golpe estão presos. A polícia procura pelo quinto integrante do grupo, que chegou a movimentar R$ 3 milhões.





Segundo a delegada Ana Paula Gontijo, que comandou as investigações, o grupo criminoso tinha escritórios montados em Belo Horizonte, onde os suspeitos simulavam vendas de cartas de crédito. Os clientes pagavam certa quantia como sinal e aguardavam, sem sucesso, a transferência delas.

“Os golpistas replicavam anúncios de veículos em redes sociais e no site da empresa fictícia deles, e mantinham o mesmo valor, sempre o de mercado, mas apresentavam condições vantajosas para o pagamento. As vítimas, interessadas, entravam em contato com essa empresa e se davam conta de que, na verdade, elas não iriam fazer uma compra direta, mas sim indireta”, afirma a delegada.

A delegada explica o golpe: “As vítimas iriam, na verdade, comprar uma carta de crédito contemplada e, para isso, precisavam dar um sinal. O comprador tinha três opções - R$ 3 mil, R$ 7 mil e R$ 9 mil -, dependendo do caso, e depois era estipulado o prazo para que a carta de crédito fosse entregue às vítimas, mas isso nunca acontecia”.





Os golpistas, segundo a delegada, tinham empresas. “Eram lojas bem estruturadas, luxuosas, com vendedores bem apresentados, educados, e toda essa estrutura transparecia uma segurança da empresa para as vítimas. Então, elas se sentiam seguras para fechar o negócio: assinavam o contrato e efetuavam o pagamento.”

Os quatro suspeitos responderão por estelionato e associação criminosa. A delegada acredita que entre os presos está o líder e mentor do grupo.

O passo decisivo

Os policiais chegaram a essa organização criminosa a partir da prisão em flagrante de duas pessoas pelo crime de extorsão mediante sequestro, ocorrido em Santa Luzia.

Um ex-vendedor, que trabalhava em uma das lojas da organização criminosa, foi vítima do grupo. O homem percebeu a proporção da atuação dos criminosos ao ver a quantidade de vítimas que estava caindo no golpe.





“Ele não se sentiu bem em continuar no trabalho de vendedor, pediu para se retirar da empresa e, para se retirar, foi exigida a quantia de R$ 20 mil. Ele pagou R$ 10 mil e deixou um veículo como garantia do pagamento restante”, afirma Ana Paula.

Decorrido o prazo estipulado, o grupo criminoso organizou uma emboscada, já que o carro estava em nome da mulher da vítima. Os golpistas deixaram o ex-funcionário preso dentro de um carro, enquanto, sob coação, obrigaram a mulher da vítima a acompanhá-los para realizar a transferência do veículo.

A transação não foi efetivada, pois, por meio de denúncia de um familiar da vítima, os suspeitos foram presos em flagrante. Foi quando os policiais iniciaram as investigações e conseguiram identificar os golpistas e efetuas as prisões.