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Estado de Minas COVID-19

Reabertura do comércio provoca pico de trânsito recorde em BH

Queda no movimento no início da semana, entretanto, indica respeito ao isolamento nos dias em que atividades não essenciais mantêm as portas fechadas


15/08/2020 06:00 - atualizado 15/08/2020 08:13

Movimento intenso de veículos no Belvedere em dia de comércio não essencial aberto na capital mineira(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Movimento intenso de veículos no Belvedere em dia de comércio não essencial aberto na capital mineira (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

O esquema de flexibilização parcial semanal do comércio, adotado desde a semana passada em Belo Horizonte, começou com registro dos maiores picos de movimento de trânsito desde o início da pandemia, nos dias da semana em que os estabelecimentos ficaram abertos, que foram quinta-feira (6), sexta-feira (7) e sábado (8). Contudo, um comportamento pode demonstrar que o belo-horizontino está mais consciente, pois nos dias seguintes, o domingo (9) e a segunda-feira (10), os picos foram mais baixos do que os recordes registrados em junho, época da segunda flexibilização de atividades, em que ocorreu a disparada do contágio pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Na quarta-feira desta semana, quando foi iniciada uma nova fase da reabertura – agora desse dia a sexta-feira –, mais uma vez grandes volumes de carros e pessoas foram vistos nas ruas da cidade, sobretudo na Região Central.

Os dados foram obtidos pela reportagem do Estado de Minas junto à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o aplicativo de trânsito Waze, do grupo Google, que monitora os níveis de concentração de carros na capital mineira durante os dias da pandemia da COVID-19 e os compara com o mês de março, antes de a infecção chegar a BH.

Logo na reabertura dos shoppings, dia 6, comércios populares e demais atividades, o aplicativo de trânsito registrou um movimento que representa 71,5% do volume de uma quinta-feira regular antes da chegada do vírus, a maior concentração deste dia da semana desde março. Para se ter uma ideia, o segundo maior pico numa quinta-feira foi em 9 de julho, com 62,93% do movimento normal. A média desse dia da semana em julho vinha sendo a mais alta, com 54,4%.

E essa tendência se seguiu nos demais dias de reabertura, com os maiores picos na sexta-feira, que registrou 83,4% do volume de uma jornada normal, e chegando ao ápice no sábado, quando o movimento de veículos e o congestionamento provocado superaram os índices de tráfego que se tinha antes do afastamento social com a pandemia. O aplicativo Waze registrou um índice 2,07 pontos percentuais maior do que num dia de março antes da COVID-19. Antes disso, o ápice tinha sido registrado em 13 de junho, com 1,3 ponto percentual acima do volume anterior à circulação do vírus, em plena segunda fase de reabertura, quando foi preciso recuar e permitir apenas as atividades essenciais para barrar a disseminação do novo coronavírus.

Devido a esse movimento intenso de quinta-feira a sábado nas ruas e avenidas, e que também se refletiu nos passeios e lojas, agosto já é o mês com maior média de tráfego desde o início do isolamento, em março. A média de trânsito de veículos fechou em 83,4% do que era esperado nos dias pré-pandêmicos, superando o mês anterior, julho, que detinha o ápice desse levantamento, com 61,9% do regular. Na sequência, os mais movimentados foram junho (57,8%), maio (34,7%), março (29,3%) e abril (24,8%).

No meio do trânsito intenso e das compras do primeiro dia do novo ciclo, muita gente querendo resolver problemas do próprio isolamento, como o estudante David D'Avila, de 14 anos, que foi ao Minas Shopping, no Bairro Ipiranga, Região Nordeste de BH. “Vim para comprar uma peça que estragou do meu videogame. Precisei vir aqui, aproveitei que hoje é meu aniversário para consertar o videogame”, disse, podendo agora enfrentar mais dias de isolamento com seus jogos favoritos.

Muitas pessoas aproveitaram os dias de abertura da semana passada e voltaram às ruas nesta também. Como o motorista de mineradora Robson Miranda Silva, que veio de Ouro Preto ao Centro de BH para trocar produtos comprados no primeiro dia de reabertura do comércio. “As filas assustam um pouco. Na sexta-feira passada, chegamos a ficar mais de 40 minutos, quase uma hora, para entrar no shopping. Mas, como precisava trocar o produto defeituoso, não tinha muita escolha, pois moro no interior. A gente tem muito receio, mas procurei tomar os cuidados de distanciamento, uso de máscara e passar álcool em gel”, disse.

Maior queda foi em abril


A série de monitoramento dos veículos pelo aplicativo Waze e a Fiocruz se iniciou em 16 de março, data em que o primeiro caso de COVID-19 foi confirmado em BH. As aulas foram suspensas no dia 18 e o movimento de veículos caiu dramaticamente, despencando 69,85% na sexta-feira, 20 de março, quando o decreto de situação de calamidade pública estadual (Decreto 47.891/20) foi publicado. O mês de abril registrou as menores concentrações de veículos nas ruas durante a semana. Contudo, como mostra a reportagem do Estado de Minas desde 31 de maio, aos sábados, esse volume volta a crescer e atinge a concentração mais significativa aos domingos.

O dia menos movimentado em março, no início do isolamento, era a sexta-feira, com 22% da intensidade de engarrafamentos pré-pandemia. Em abril, a média das terças-feiras conseguiu atingir a menor concentração de todos os dias da semana, com 15,5% do usual. Já em maio, esse dia, que se manteve como o de mais fraco movimento, começou a ter o seu fluxo ampliado, chegando a 23,25% e progredindo ainda mais em junho, chegando ao patamar de 39,7% do que se registrava antes da COVID-19.

A paciência dos belo-horizontinos com o distanciamento social parece se esvair nos fins de semana, quando o movimento recebe um incremento expressivo. Os sábados, que com a pandemia em março tinham 28% do movimento regular, subiram para 28,5% em abril, avançaram para 41,2% em maio, bateram 74,1% em junho, recuaram para 72% em julho e dispararam para 94,5% em agosto. O domingo é o dia em que menos se respeita o isolamento social. Em março, após o afastamento, a concentração média de carros caiu para 42% do normal. Já em abril, escalou para 45,25%, saltou para 58,4% em maio, e em junho já representa apenas 89% do que normalmente seria um dia comum, ou seja, praticamente retornando a patamares antes da COVID-19.

O menor movimento foi registrado em 10 de abril, uma sexta-feira, com 9,91% do movimento normal da cidade, justamente um dia depois de começar a vigorar o decreto municipal que suspendeu o alvará de funcionamento de estabelecimentos considerados não essenciais, como boates, casas de festas e eventos, feiras, exposições, congressos e seminários, shoppings, cinemas, teatros, clubes, academias, parques, bares, restaurantes e lanchonetes.

A BHTrans informa que há dados gerais dos critérios avaliados pelo Comitê de Enfrentamento à COVID-19 e os números sobre trânsito. A Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte traçou um comparativo das duas últimas semanas e também percebeu um aumento com a abertura do comércio. “O fluxo de veículos na área central também registrou uma ampliação de 6,3% na comparação com a quinta-feira da semana anterior. Nos principais corredores da cidade esse aumento foi de 3,6%.”, informa a BHTRans.


Mortes somam 808

Belo Horizonte chegou a 808 mortes causadas pelo novo coronavírus ontem Houve um saldo de 50 óbitos em 24 horas – o segundo maior em toda a pandemia da COVID-19. Os números são do boletim epidemiológico e assistencial da prefeitura. De acordo com levantamento, a cidade registra 27.953 diagnósticos: 3.156 em acompanhamento, 23.989 recuperados, além dos óbitos. Houve um crescimento de 468 casos na comparação com o balanço de quinta. A região com maior registro de óbitos é Venda Nova (109). Em seguida estão: Nordeste (104), Noroeste (99), Oeste (93), Barreiro (92), Leste (87), Centro-Sul (83), Norte (73) e, por último, Pampulha (68). A ocupação dos leitos de UTI para COVID-19  caiu para 64,6% nas unidades de terapia intensiva e 48% nas enfermarias.


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