Um dia depois da aprovação de greve nacional, funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos fizeram ato na tarde desta terça-feira, em Belo Horizonte. O movimento começou na Praça da Estação e seguiu até a agência da empresa na Avenida Afonso Pena, próximo à prefeitura. Mais de 700 trabalhadores participaram da manifestação.
Em todo o país, 100 mil trabalhadores optaram pela greve em assembleia na noite de segunda-feira. Na capital mineira, somente a Agência Central funcionou, porém com 30% da capacidade.
De acordo com a a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect), a paralisação ocorre por tempo indeterminado, em protesto contra a retirada de direitos, a privatização da empresa e a ausência de medidas para proteger os empregados da pandemia do novo coronavírus.
"É um ato muito forte. A greve é o único instrumento de luta dos trabalhadores em relação aos ataques da direção da empresa, que brinca com a saúde dos funcionários. Muitos já perderam suas vidas por COVID-19 por ter contraído essa enfermidade no setor de trabalho. Em vez de discutir medidas sérias de prevenção, profilaxia, a empresa vem com proposta de exclusão de acordo de trabalho", afirma Higor Mendes, diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Minas Gerais (Sitect-MG).
A Fentect relatou que teve que acionar a Justiça para garantir aos empregados equipamentos de proteção individual, álcool em gel, testagem e afastamento daqueles integrantes de grupos de risco.
A categoria também se mostra contra à privatização da empresa e exige a criação de acordo coletivo com novas diretrizes de horas extras e reajustes salariais.
Posição dos Correios
Os Correios alegam que tiveram prejuízos desde o começo do coronavírus, o que impediria um acordo com os trabalhadores. "A pandemia trouxe prejuízos de cerca de R$ 600 milhões e as reivindicações dos trabalhadores custariam quase R$ 1 bilhão, dez vezes o lucro obtido em 2019. Portanto, trata-se de uma proposta impossível de ser atendida".