Jornal Estado de Minas

NA QUARENTENA

Aplicativo conecta vizinhos e incentiva comércio informal em Minas Gerais

Em meio à pandemia do novo coronavírus, o isolamento social acabou prejudicando o comércio. Mesmo com a flexibilização em algumas cidades, comerciantes de todo o Brasil acabaram procurando maneiras para não perder a renda. Por isso, soluções criativas e produtivas ganharam espaço no mercado. É o caso do aplicativo MeuVizinho.me que tem como objetivo conectar pessoas e fomentar o comércio local.



Em conversa com o Estado de Minas, o desenvolvedor do projeto, Carlos Ávila, contou um pouco sobre como surgiu o aplicativo: “Estava em casa durante a quarentena, com meus filhos e minha esposa, e fiquei com vontade de pedir uma comida. Quando comecei a olhar os aplicativos, não me interessei por nada… Foi aí que comecei a pensar sobre meus vizinhos. Imaginei se alguém fazia uma comida gostosa ali mesmo, na vizinhança... Esse pensamento me levou a uma curiosidade de conhecer as pessoas e descobrir quem eram e o que faziam". 

O MeuVizinho.me é uma plataforma gratuita, "para conectar e empoderar pessoas”, explica Ávila.

Segundo ele, em Minas Gerais o site ajudou pequenos empreendedores a abrirem negócios e adquirir uma base de clientes, mesmo durante a quarentena.

Atualmente, são 11 mil cadastros em todo Brasil, quatro mil em Minas Gerais e dois mil em Belo Horizonte.

Carlos conta que o principal objetivo é servir de ponte para as pessoas: “Quando eu era mais novo, tinha o costume de conhecer todo mundo do meu bairro. Sabia quem era advogado, cozinheiro, empresário, vendedor… Com o mundo mudando e toda a correria, isso acabou se perdendo. Agora as pessoas não saem de casa, mas essa é uma dor que vem de mais tempo. A pandemia veio para mostrar essa lacuna. O 'Meu vizinho' mostrou para nós um universo vivo, que conectou as pessoas”.




   

Mão na Massa

Davi Nogueira, de 12 anos, sonha em se tornar confeiteiro (foto: Redes Sociais/Reprodução)
É o caso de Davi Nogueira, de 12 anos, que começou a cozinhar com a avó durante a quarentena. A partir do aplicativo, o menino passou a vender bolos e acabou fazendo sucesso no Bairro União, Região Nordeste de Belo Horizonte.

Usando as redes sociais, Davi começou a compartilhar as guloseimas. “Comecei a cozinhar na quarentena. Ganhei um dinheiro do meu avô e preferi investir. Comecei a fazer meus bolos e com ajuda da minha família entrei no Meu vizinho e no Instagram. Eu gosto muito de cozinhar”, conta o menino.

Davi quer fazer um curso de confeiteiro para aprimorar seu dom. Conciliando as aulas com a cozinha, o menino já faz planos de seguir na área gastronômica e pretende continuar fazendo seus bolos.

“É muito gratificante. Fico muito orgulhosa de ver meu filho fazendo os bolos”, conta Poliana Rodrigues, mãe do menino e assistente administrativa. 





Orgulhoso do seu feito, Davi conta que quando as aulas voltarem ao esquema presencial, pretende cozinhar para seus amigos e colegas. O bolo de cenoura e a broa de fubá são os pratos mais pedidos no menu do menino: “Duas amigas minhas já experimentaram meus bolos. Elas gostaram muito, é muito legal”.

Marmitas Gourmet 

O MeuVizinho.me também conectou o casal David Almeida, 28, e Camila Marchado, 31. Os chefs tiveram a vida mudada após a pandemia do novo coronavírus. Prejudicados pelo isolamento, resolveram fazer marmitas gourmet e agora fazem sucesso na região do Bairro Jardim América.

O "De Comer Rezando" já coleciona clientela formada e fixa.


Com refeições típicas de cada região do mundo, o menu viaja por diversos gostos durante a semana. “A gente sentiu medo no início, não foi fácil. Mas a plataforma nos ajudou a ter uma clientela e agora estamos até mudando de cozinha e indo para o Bairro Caiçara”, conta Camila. 

Cadastro

Para participar do app MeuVizinho.me basta entrar no web aplicativo e fazer um registro. O site é gratuito tanto para anunciantes quanto para cliemtes.

A plataforma prevê chegar, até o final do ano, a cerca de 1 milhão de vizinhos.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina