O Dia Estadual de Combate ao Feminicídio em Minas Gerais completa seu segundo ano neste domingo (23), marcado por não ter ainda sensibilizado a sociedade para o problema, uma vez que o ritmo de mortes e de tentativas de homicídios de mulheres continua o mesmo (veja tabela abaixo). A data foi instituída em 2019 pela Lei 23.144/2018 e escolhida para lembrar do assassinato da servidora do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) Lilian Hermógenes da Silva, de 44 anos, em Contagem, em 23 de agosto de 2016. O caso da servidora ainda segue aberto, com o ex-marido dela como suspeito de ser o responsável pela morte, chegando a ser preso naquele mesmo ano.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de 2018 a 2020, de janeiro a junho, o ritmo de mulheres que morreram nas mãos de homens abusivos simplesmente por serem mulheres se mantêm em uma morte a cada três dias, totalizando 57 registros neste ano e 68 no ano passado. A razão de tentativas de se matar essas mulheres é ainda mais acelerada, com uma mulher passando por essa situação de ameaça à própria vida a cada dois dias. Foram 107 ocorrências de janeiro a junho dos últimos dois anos, segundo a secretaria.
No caso da funcionária pública que teve a data da morte usada para simbolizar a luta das mulheres, Lílian Hermógenes estava saindo de casa, no Bairro Jardim Industrial, no Barreiro, para o trabalho, quando dois homens se aproximaram em uma moto no cruzamento da Avenida General David Sarnoff e Rua Joaquim Laranjo e dispararam contra ela. Eles ainda levaram a bolsa da vítima para simular um assalto. Lilian morreu no local. No dia seguinte, o ex-marido, o advogado Artur Campos Resende, de 49 anos, foi detido suspeito de ser o mandante do assassinato. A mulher tinha uma medida restritiva contra o ex-marido devido a ameaças. O caso teve grande repercussão, principalmente pelo fato de a servidora ser lotada na Promotoria de Defesa do Direito das Mulheres.
Mesmo com o mesmo ritmo de crimes nos últimos dois anos, um agravante é que de acordo com especialistas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2020, ano em que se convive com o isolamento social devido à COVID-19, o volume de denúncias que se tornaram registros policiais tende a ter diminuído, enquanto o crime pode estar sendo amplificado pela proximidade excessiva de agressor e vítima, sobrtetudo no ambiente doméstico.
“Constatamos a química explosiva de associação de isolamento, somada ao estresse, à redução da renda e à perda de empregos como gerador de mais violência doméstica. E a mulher é a vítima preferencial disso, por uma série de situações em que ocorriam violência verbal, por xemplo, antes, e que com o contato contínuo, a perda de emprego do homem, muitas vezes se converte em violência. O isolamento potencializou esses fatores e isso explica a agressividade nos lares percebida em nossa pesquisa (termômetros COVID-19 - Instituto Olhar UFMG/CRISP”, observa o responsável pela análise dos dados, o professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da UFMG, Bráulio Figueiredo Alves da Silva.
Por trás dos números, em todos os anos há casos de mulheres brutalmente assassinadas, geralmente por seus companheiros e ex-companheiros. No dia 6 de maio deste ano, a fúria do ex-namorado se transformou em 11 disparos de arma de fogo no peito de Lidiane Conceição Siqueira, de 35 anos, moradora do Bairro Petrolândia, em Contagem, na Grande BH. Leonardo Gomes de Morais não teria aceitado o fim do relacionamento e por isso a matou.
Segundo a polícia, o atirador surpreendeu a vítima enquanto ela caminhava na rua Refinaria Manguinhos. Após fazer os disparos, fugiu de biciclet, mas acabou preso na semana seguinte. De acordo com a família da vítima, o homem tinha um relacionamento por três anos com a mulher, mas ela teria dado um fim no namoro. Ele, inconformado, chegou a agredir a ex-companheira uma semana antes com socos, chegando a utilizar um teiser para dar choques nela. A mulher tinha medida protetiva em vigor contra o ex-namorado.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de 2018 a 2020, de janeiro a junho, o ritmo de mulheres que morreram nas mãos de homens abusivos simplesmente por serem mulheres se mantêm em uma morte a cada três dias, totalizando 57 registros neste ano e 68 no ano passado. A razão de tentativas de se matar essas mulheres é ainda mais acelerada, com uma mulher passando por essa situação de ameaça à própria vida a cada dois dias. Foram 107 ocorrências de janeiro a junho dos últimos dois anos, segundo a secretaria.
No caso da funcionária pública que teve a data da morte usada para simbolizar a luta das mulheres, Lílian Hermógenes estava saindo de casa, no Bairro Jardim Industrial, no Barreiro, para o trabalho, quando dois homens se aproximaram em uma moto no cruzamento da Avenida General David Sarnoff e Rua Joaquim Laranjo e dispararam contra ela. Eles ainda levaram a bolsa da vítima para simular um assalto. Lilian morreu no local. No dia seguinte, o ex-marido, o advogado Artur Campos Resende, de 49 anos, foi detido suspeito de ser o mandante do assassinato. A mulher tinha uma medida restritiva contra o ex-marido devido a ameaças. O caso teve grande repercussão, principalmente pelo fato de a servidora ser lotada na Promotoria de Defesa do Direito das Mulheres.
Mesmo com o mesmo ritmo de crimes nos últimos dois anos, um agravante é que de acordo com especialistas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2020, ano em que se convive com o isolamento social devido à COVID-19, o volume de denúncias que se tornaram registros policiais tende a ter diminuído, enquanto o crime pode estar sendo amplificado pela proximidade excessiva de agressor e vítima, sobrtetudo no ambiente doméstico.
“Constatamos a química explosiva de associação de isolamento, somada ao estresse, à redução da renda e à perda de empregos como gerador de mais violência doméstica. E a mulher é a vítima preferencial disso, por uma série de situações em que ocorriam violência verbal, por xemplo, antes, e que com o contato contínuo, a perda de emprego do homem, muitas vezes se converte em violência. O isolamento potencializou esses fatores e isso explica a agressividade nos lares percebida em nossa pesquisa (termômetros COVID-19 - Instituto Olhar UFMG/CRISP”, observa o responsável pela análise dos dados, o professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da UFMG, Bráulio Figueiredo Alves da Silva.
Por trás dos números, em todos os anos há casos de mulheres brutalmente assassinadas, geralmente por seus companheiros e ex-companheiros. No dia 6 de maio deste ano, a fúria do ex-namorado se transformou em 11 disparos de arma de fogo no peito de Lidiane Conceição Siqueira, de 35 anos, moradora do Bairro Petrolândia, em Contagem, na Grande BH. Leonardo Gomes de Morais não teria aceitado o fim do relacionamento e por isso a matou.
Segundo a polícia, o atirador surpreendeu a vítima enquanto ela caminhava na rua Refinaria Manguinhos. Após fazer os disparos, fugiu de biciclet, mas acabou preso na semana seguinte. De acordo com a família da vítima, o homem tinha um relacionamento por três anos com a mulher, mas ela teria dado um fim no namoro. Ele, inconformado, chegou a agredir a ex-companheira uma semana antes com socos, chegando a utilizar um teiser para dar choques nela. A mulher tinha medida protetiva em vigor contra o ex-namorado.
Crimes contra a mulher
Veja os números da violência contra a mulher em MG (janeiro a junho)
2018
Mortes 62 - Média 1/3 dias
Tentativas 128 - Média 2/3 dias
2019
Mortes 68 - Média 1/3 dias
Tentativas 107 - Média 1/2 dias
Tentativas 107 - Média 1/2 dias
2020
Mortes 57 - Média 1/3 dias
Tentativas 107 - Média 1/2 dias
Fonte: Sejusp