Foram meses de expectativas, decisões, espera da transição da vida de estudante para o mercado de trabalho. Pelos cálculos, aulas até julho e, depois, diploma na mão. Mas, para universitários dos últimos períodos das instituições públicas de educação superior, o isolamento social ultrapassou a barreira da falta de aula. O ensino remoto foi adotado apenas recentemente e, por isso, a sonhada formatura só deve ser possível quase um semestre mais tarde.
As consequências vão do adiamento de cerimônias à reprogramação de planos profissionais. Sem o canudo na mão, muita gente já perdeu emprego e a possibilidade de carteira assinada que marcaria o início de carreira. Um drama que atinge milhares de alunos em Minas Gerais.
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UFMG muda os planos e comprará 500 computadores para emprestar a alunos durante ensino remoto'Moodle fora do ar': aulas remotas na UFMG começam com queixas de alunos no Twitter'A UFMG não parou', diz reitora sobre período de pandemiaPedro Leopoldo e Matozinhos retomam missas presenciais com restriçõesPara se ter uma ideia, o último Censo da Educação Superior, divulgado ano passado com dados de 2018, mostra que, naquele ano, 27.746 mil alunos se formaram em instituições públicas de ensino superior mineiras. É desse contingente que sonhava fazer parte a estudante Maria Luíza Araújo de Moura, de 22 anos, do 8º período de pedagogia na Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg). Quando 2019 acabou, tudo parecia perfeitamente encaixado: ela encerraria a faculdade no meio do ano, ficaria noiva e tinha grandes chances de ser contratada na escola particular onde trabalhava. Um semestre depois, a estudante que tinha um contrato de estágio na escola onde atuava como auxiliar de sala numa turma de crianças de 2 e 3 anos viu o que era expectativa virar decepção.
Com pais cancelando matrículas e para aliviar o déficit financeiro, as quatro estagiárias e outros funcionários foram dispensados. “Ficou inviável nos manter, porque, teoricamente, não faríamos nada”, conta. A expectativa era continuar na escola, onde havia estudado quando pequena, e assumir em algum momento o cargo de docência. “Eu e uma colega estávamos esperando algumas aposentadorias e vendo oportunidade de cargo melhor com carteira assinada. A dispensa foi um baque. A gente nunca espera e conta com o dinheiro. Ia noivar, viajar, estava juntando dinheiro para o vestido da formatura...”
O fim das aulas na Uemg está programado para outubro e, a partir desse momento, trabalho só com carteira assinada. Fica proibido assumir cargo de estagiária. A expectativa de voltar para a antiga unidade de ensino fica cada vez mais longe. Em março, quando as escolas fecharam, a universitária recebeu o salário do mês todo, ficando em aberto “pagar” os dias não trabalhados daquele mês quando as aulas presenciais retornassem.
“Naquela época, achávamos que a situação duraria um ou dois meses, o que me dava a esperança de voltar antes de me formar e de continuar lá. Agora, me formo em outubro e provavelmente as escolas não reabrirão este ano. Minhas esperanças de voltar como estagiária e progredir foram podadas”, lamenta Maria Luíza.
Para o ano que vem, ela prevê um período ainda mais difícil, tendo que bater na porta de escolas ou esperar concurso público. “É pior para recém-formados, pois as escolas querem educadores com experiência”, diz. Na faculdade, as aulas on-line estão sendo dadas desde o último dia 27 de julho, mas somente às quartas-feiras. Três atividades gerais estão programadas para valer como pontos para todas as matérias e a monografia será apresentada nos primeiros dias de julho.
Sem estágio remunerado nem perspectivas de sala de aula, ela terá agora que cumprir exigência da faculdade de um estágio no último semestre, com escolas fechadas. “A faculdade está cobrando estágio on-line. Ficamos perdidos, pois neste semestre o estágio seria na gestão e na coordenação da escola. É preciso arrumar escola e elas estão com as secretarias fechadas. A Uemg nos falou de três escolas, mas somos 120 alunos”, diz.
Festa adiada
Aluna do 8º período de pedagogia na mesma faculdade, Danila Martins da Cruz Silva, de 30, diz que só não perdeu o emprego por já ser também formada como professora de inglês, mas viu muitos colegas nessa situação. “Estão sucateando o ensino, que deveria ser prioridade. Entre os alunos do meu curso, 70% perderam emprego, por serem estagiários. O prejuízo não foi só emocional, mas também financeiro e para a carreira. Eram muitos profissionais esperando formação para assumir cargos nas escolas.”
Vida pessoal, profissional e acadêmica afetadas, sem contar a formatura em si, que teve de ser remarcada quatro vezes: para outubro, para o começo de 2021 (declinado por medo de as empresas do ramo ainda não terem autorização para funcionar), para o meio do ano que vem e, por último, para 18 de setembro de 2021. “É muito frustrante. Quando os formandos preferiram manter a cerimônia em outra data, ninguém achou que atrasaria tanto. Foi uma loucura alinhar a agenda de todos os fornecedores para outro ano. Mas desistir acarretaria perda financeira”, conta Danila, presidente da comissão de formatura. “Foi tudo muito incerto e é difícil lidar com o emocional de tantas pessoas que estão esperando. Aí, de repente, não tem formatura, não tem diploma, não tem festa...”
Com tantos desempregados, os formandos optaram por terminar de pagar as cerimônias mais próximo da data. “A ficha de que não íamos nos formar em julho caiu na mesma época das demissões. Foi um balde de água fria nos sonhos de todo mundo e em um semestre em que predominavam euforia e planos”, resume a ainda universitária Danila.
Barreira para trabalho
As universidades federais em Minas receberam apenas recentemente o aval de seus conselhos de ensino, pesquisa e extensão para iniciar as aulas remotas. Um semestre em atraso comprometeu não apenas cerimônias e festas, mas monografias e estudos de encerramento da graduação. Casos como o da estudante Ana Soares, de 25 anos, no último período do curso de jornalismo da UFMG. Ela não só teve a formatura adiada como, no meio da pandemia, se viu obrigada a mudar, do dia para a noite, o tema do trabalho de conclusão de curso (TCC).
O plano de fazer videodocumentário, que seria filmado à noite, nos bares de Belo Horizonte, com vendedores ambulantes, deu de cara nas portas fechadas do comércio. “Não existe mais bar, não há mais noite nem gente na rua. Remotamente e sem poder encontrar com o orientador para discutir saídas, foi ainda mais complicado”, conta. A saída foi se adequar ao cenário: o novo trabalho será uma publicação on-line sobre a pandemia. “Meu colega e eu nos adaptamos à nova realidade virtual e ao momento”, conforma-se.
Mas a mudança teve seu preço. E pago pela segunda vez: eles haviam trabalhado por mais de um ano no videodocumentário, que deveria ter sido apresentado no fim do ano passado. “Não conseguimos, pois perdemos todo o áudio. Este ano seria o renascimento do documentário, mas a pandemia deu rasteira de novo no projeto”, relata.
Uma frustração a mais para a estudante que, durante as duas semanas de aulas presenciais que teve este ano, alimentava a sensação de despedida da vida universitária. “Ir ao câmpus, conversar com amigos no hall da Fafich (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas), tudo isso faz falta. Este último semestre não será na presença de ninguém. Na primeira aula on-line, semana passada, quando abri a tela do computador e vi a cara dos alunos e o professor, senti uma dor enorme”, confessa.
Como com os outros colegas que assistem ao diploma entrar em quarentena, para ela pandemia está mexendo com tudo, inclusive com a vida profissional. “Tinha a perspectiva de ser contratada em alguma empresa ou veículo já como profissional, sem precisar passar por estágio. Agora, estou tendo que fazer justamente um estágio.”
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A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
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Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
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Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
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Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Vídeo explica porque você deve aprender a tossir
VIDEO1
Mitos e verdades sobre o vírus
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