Limpeza, orientações aos funcionários e organização das mesas. Bares, restaurantes, lanchonetes e sorveterias se preparam para receber clientes à mesa, depois de cinco meses com permissão para atender somente por entrega devido à pandemia do novo coronavírus. A expectativa de donos de estabelecimentos é conseguir fechar as contas com o retorno do público.
A volta foi permitida por meio de decreto municipal publicado na sexta-feira, exclusivamente para horário de almoço e sem venda de bebidas alcoólicas. Mas ainda persiste a queda de braço entre a Associação Brasileira dos Bares, Restaurantes e Lanchonetes (Abrasel), que obteve liminar na Justiça para ampliar o horário, e a Prefeitura de Belo Horizonte. A administração municipal sustenta que a liminar não tem efeito até o julgamento do mérito da “ação de origem”.
A volta foi permitida por meio de decreto municipal publicado na sexta-feira, exclusivamente para horário de almoço e sem venda de bebidas alcoólicas. Mas ainda persiste a queda de braço entre a Associação Brasileira dos Bares, Restaurantes e Lanchonetes (Abrasel), que obteve liminar na Justiça para ampliar o horário, e a Prefeitura de Belo Horizonte. A administração municipal sustenta que a liminar não tem efeito até o julgamento do mérito da “ação de origem”.
Uma coisa é certa. Para retomar o atendimento ao público, os restaurantes precisarão seguir uma série de normas, entre elas a limitação do número de mesas e clientes por metro quadrado de área (veja a lista no quadro). E a adequação aos protocolos exigiu domingo de trabalho nos estabelecimentos. Francisco Jorge, de 59 anos, dono da Toca do Chico, que fica na Rua Grão Pará, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste de BH, retirava as cadeiras do salão na tarde de ontem. “Precisamos medir o distanciamento entre as mesas. Aqui não tenho onde guardar. Vou levar parte das mesas e cadeiras para outro galpão e manter menos da metade”, explicou. Ele disse que a briga judicial aberta pela Abrasel deixa os comerciantes muito confusos. “Vou abrir na hora do almoço conforme a prefeitura determinou e ver se vai ter e como será o movimento”, disse.
Sem self-service
Nesta fase, PBH vedou o modelo de self-service. E os restaurantes que trabalham com essa modalidade terão que se readequar: “Admite-se serviço com buffet com isolamento dos alimentos em relação aos consumidores e montagem do prato por profissional do estabelecimento devidamente paramentado, visando diminuir a manipulação de pegadores e outros utensílios por diversas pessoas, observada a distância de segurança”, informa o protocolo. Os alimentos no buffet devem ser totalmente protegidos por meio de protetores salivares e balcões com fechamento frontal e lateral. Já na modalidade à la carte a refeição deve chegar coberta à mesa do cliente.
O Bar Tudo Legal, que fica na Avenida do Contorno, no Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, funciona com as duas modalidades. “Estamos nos preparando para continuar servindo das duas formas. Vai dar mais trabalho, mas teremos um funcionário para servir a comida do buffet. As medidas são importantes para a segurança dos nossos funcionários e dos nossos clientes”, disse um dos proprietários, Odlei Cruz, de 38.
No fim da tarde de ontem, todas as mesas e cadeiras estavam sendo higienizadas. “Começamos no sábado, para estarmos preparados para a reabertura de amanhã (hoje)”, disse. Ele contou que, antes da pandemia, atendia até 180 pessoas. “Agora, vamos abrir para menos da metade do público, pois o protocolo conta com o número de funcionários por metro quadrado”, relatou.
Mesmo assim, a expectativa é grande. “Depois de cinco meses, precisamos retomar as atividades de forma presencial. Está difícil, mas vai dar tudo certo”, disse ele, confiante. Odlei acredita que o movimento vai aumentar mesmo quando for liberada a venda de álcool para consumo nas mesas. “Por enquanto, só fazemos entrega por delivery na parte da noite”, disse.
Descumprimento
Na Praça da Savassi, também na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, logo um garçom abordou a equipe de reportagem: “Uma cervejinha gelada?”, em estabelecimento que servia a bebida alcoólica em mesas, contra as normas da prefeitura. No fim da tarde, seis pessoas se arriscaram, sem máscara, enquanto um jogo era transmitido no telão. O dono do bar não quis conversar com a equipe de reportagem.
A Subsecretaria de Fiscalização da Prefeitura de Belo Horizonte informou, por meio de nota, que as ações fiscais para a verificação de estabelecimentos que descumprem a legislação estão sendo realizadas diariamente na cidade por uma equipe composta por cerca de 600 pessoas, entre fiscais, diretores, gerentes e agentes de campo. Os profissionais se revezam em campo, em escala e em plantões no Centro de Operações da Prefeitura (COP-BH). O descumprimento das normas pode resultar no recolhimento do Alvará de Localização e Funcionamento (ALF) do estabelecimento. Se o mesmo insistir, a Subsecretaria de Fiscalização pode interditar o estabelecimento. E se houver o descumprimento da interdição pode ser aplicada multa no valor de R$ 17.614,57.
Na direção aposta, a Abrasel divulgou, no sábado, mensagem por meio de WhatApp em que orienta seus associados – que, no entender da entidade estariam liberados por liminar para funcionar em horários diferentes dos determinados pela prefeitura – a registrar boletim de ocorrência caso as autoridades municipais interfiram. A decisão foi proferida na sexta-feira pelo juiz da 3ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública Municipal da Comarca de Belo Horizonte, Wauner Batista Ferreira Machado.
Sem efeito
A prefeitura afirma que ela “não tem qualquer efeito prático no momento, uma vez que já houve recurso favorável interposto anteriormente pela Procuradoria-Geral do Município no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG)”. Em julho, uma liminar concedida pelo mesmo juiz à Abrasel permitiu o retorno das atividades, mas foi cassada pelo presidente do TJ, desembargador Gilson Soares Lemes. Para a PBH, enquanto não houver julgamento do mérito “da ação principal de origem (…), conforme afirmado na própria decisão” do desembargador, continua a pertencer ao município a prerrogativa sobre quando e como bares e restaurantes reabrirão”.
Mais dias para comprar e vender
Novidades na flexibilização das atividades comerciais e de serviços em Belo Horizonte ultrapassam as portas de bares, restaurantes, lanchonetes e sorveterias. Na quinta-feira, quando anunciou a licença para que esses estabelecimentos recebessem clientes para almoço nos dias úteis, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) também permitiu um novo passo para o comércio em geral. As lojas – dentro ou fora de shoppings –, passam a funcionar de segunda a sexta-feira, já a partir de hoje. Além disso, mandou restirar os gradis que cercavam algumas praças e a orla da Lagoa da Pampulha no mesmo dia do anúncio, oferecendo um alívio aos que gostam de se exercitar ao ar libre.
Apesar de flexibilizar a economia, Kalil admitiu, ao fazer os anúncios, que poderá decretar o fechamento das atividades se os indicadores do novo coronavírus na cidade entrarem em estado crítico. “Está na hora de os lojistas, comerciantes tomarem conta do seu negócio. Nós não temos a menor dúvida que, se os números piorarem, vamos fechar totalmente a cidade. É uma probabilidade real e continua na nossa alça de mira”, afirmou. “Continuamos em guerra”, reforçou.
A reabertura dos parques, por sua vez, será progressiva. Segundo a prefeitura, sete parques devem ser abertos primeiro, no dia 29 (veja acima quadro sobre como fica a cidade). As diretrizes estabelecem o funcionamento desses espaços entre quinta-feira e domingo, das 8h às 17h. Para entrar, será preciso agendar a visita pela internet e retirar senha.
O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, também chamou a atenção para a necessidade de manutenção de cuidados contra a propagação do novo coronavírus. Caminhadas e corridas em grupo, por exemplo, devem ser evitadas. Esportes coletivos, como o futebol, podem ser praticados apenas por atletas profissionais. “É muito importante que, ao ir a uma praça da cidade, as pessoas sejam responsáveis. Sei que é muito difícil correr de máscara, mas é possível correr utilizando um protetor facial de acrílico, que é preso na testa e cobre nariz e boca. É extremamente importante que as pessoas se conscientizem da necessidade fazer isso. Pode ir a uma praça? Pode, mas tomando todos os cuidados para evitar que tenhamos que fechar a cidade de novo”, salientou.
Casos e mortes
Minas Gerais está perto de alcançar 200 mil pessoas diagnosticadas com a COVID-19. Entre sábado e ontem, a Secretaria de Estado de Saúde adicionou 3.107 confirmações de casos e 53 mortes no boletim epidemiológico da doença. No total, 194.614 pessoas tiveram a enfermidade no estado desde o início da pandemia, das quais 4.790 morreram. Segundo o documento, 159.130 infectados se curaram e 30.694 ainda estão em acompanhamento. No Brasil, o total de casos confirmados chegou a 3.605.783. O número de óbitos é de 114.744, sendo 494 registrados nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde. Estão em acompanhamento 752.004 pessoas e outras 2.739.035 que se recuperaram da doença.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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