Estresse, depressão, ansiedade, impaciência, solidão. Esses e outros sintomas têm aflorado com a imposição do isolamento social provocado pela pandemia de COVID-19. Pensando nisso, pesquisadores da Fiocruz, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) iniciaram um estudo para mapear a forma como os jovens entre 12 e 17 anos estão lidando com esse momento.
A pesquisa ConVid Adolescentes quer saber a maneira como esse ‘novo normal’ tem afetado a vida destes jovens. Para isso, disponibilizou um questionário on-line, que ficará acessível até 31 de agosto, com indagações a respeito da vida escolar, do uso de tecnologias para estudo, sobre o ambiente familiar, se o jovem teve contato com alguma pessoa com coronavírus, das atividades que ele mais tem sentido falta na pandemia, as dificuldades com as limitações impostas nesse período, entre outros.
Até o momento, cerca de 9 mil adolescentes já relataram suas experiências aos pesquisadores.
Até o momento, cerca de 9 mil adolescentes já relataram suas experiências aos pesquisadores.
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“Essa pesquisa dará respostas importantes tanto para apoiar as pesquisas como para definir diretrizes para o ensino e a extensão. O estudo vai ser importante, sobretudo, para gestores e profissionais de saúde. Ainda mais no Brasil, que este tempo de pandemia, de isolamento social deve se prolongar em função de não termos ainda acesso à vacina. Esse tempo de distanciamento pode salvar a vida, achatar a curva, mas traz consequências para saúde. Então, os gestores precisam dessas respostas para fazer o planejamento de suas políticas públicas”, diz.
“Essa pesquisa dará respostas importantes tanto para apoiar as pesquisas como para definir diretrizes para o ensino e a extensão. O estudo vai ser importante, sobretudo, para gestores e profissionais de saúde. Ainda mais no Brasil, que este tempo de pandemia, de isolamento social deve se prolongar em função de não termos ainda acesso à vacina. Esse tempo de distanciamento pode salvar a vida, achatar a curva, mas traz consequências para saúde. Então, os gestores precisam dessas respostas para fazer o planejamento de suas políticas públicas”, diz.
A professora acrescenta que, para a participação dos adolescentes na pesquisa, é necessária a aprovação dos pais por meio de um termo de livre consentimento disponível no questionário.
Primeira fase
Entre o fim de abril e início de maio, os pesquisadores realizaram o mesmo estudo com adultos. Pouco mais de 44 mil pessoas responderam o formulário eletrônico e os resultados foram reveladores: 55% das pessoas relataram uma redução da renda familiar, com maiores perdas entre as mais economicamente desfavorecidas.
Além disso, 40% da população se sentiu triste/deprimida e 54% se sentiu ansiosa/nervosa frequentemente (muitas vezes ou sempre). Entre os adultos jovens (18-29 anos), os percentuais subiram para 54% e 70%, respectivamente.
Além disso, 40% da população se sentiu triste/deprimida e 54% se sentiu ansiosa/nervosa frequentemente (muitas vezes ou sempre). Entre os adultos jovens (18-29 anos), os percentuais subiram para 54% e 70%, respectivamente.
O estudo correlacionou o estado depressivo com um possível aumento do consumo de álcool relatado durante a pandemia: 18% dos entrevistados (18,4% entre homens e 17,7% entre mulheres) afirmaram estar ingerindo mais bebidas alcoólicas nesse período.
O maior aumento (26%) foi registrado na faixa etária de 30 a 39 anos e o menor entre idosos (11%).
Quanto à motivação para beber mais, quanto maior a frequência dos sentimentos de tristeza e depressão, maior o aumento do uso de bebidas alcoólicas, atingindo 24% das pessoas que têm se sentido dessa forma durante a pandemia do novo coronavírus.
O maior aumento (26%) foi registrado na faixa etária de 30 a 39 anos e o menor entre idosos (11%).
Quanto à motivação para beber mais, quanto maior a frequência dos sentimentos de tristeza e depressão, maior o aumento do uso de bebidas alcoólicas, atingindo 24% das pessoas que têm se sentido dessa forma durante a pandemia do novo coronavírus.