Cada equipe realizou 30 inquéritos epidemiológicos e todos que participaram da pesquisa fizeram os dois tipos de testes - o rápido, que utiliza uma gota de sangue; e a coleta de células na região naso/faríngea por swab, que são analisadas em laboratório. Foram realizadas três etapas do trabalho de campo: a primeira, de 2 a 5 de junho; a segunda, de 23 a 25 de junho; e a terceira, de 13 a 15 de julho, sendo aplicados 6.478 testes. A equipe da UFMG obteve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos e todos os participantes assinaram um termo de consentimento.
Também foram realizados exames adicionais nas amostras para detectar outras condições e comorbidades, com o objetivo de fornecer um amplo quadro de informações sobre a saúde da população de Betim. Após o estudo, será feito sequenciamento de genoma usando equipamento e expertise da UFMG para entender como o vírus se propaga, estudar as mutações e rastrear variações.
O coordenador local da UFMG, professor Renan Pedra de Souza, diz que a pesquisa apontou a estimativa de infectados. “Ao final da terceira rodada, a gente conseguiu identificar que 6,67% da população de Betim já havia tido contato com o vírus da COVID-19. Se a gente transfere esse dado para a população de Betim, que tem 442 mil habitantes, a gente está falando de quase 30 mil pessoas que já tinham tido contato com o vírus.”
Outro fator importante da pesquisa, segundo Souza, é a subnotificação. “A política pública no estado de Minas Gerais de testagem sempre envolveu a questão de ter sintomas. Isso traz um recorte que é parcial da realidade porque tem pessoas que não manifestam sintomas ou manifestam muito pouco e acabam não buscando ajuda na rede hospitalar e nunca vão ser tratados e virar estatística. Todas as decisões tomadas na gestão pública são pautadas pelos números oficias dos boletins. O que a gente viu em Betim nas duas últimas rodadas da pesquisa, por exemplo, é que para cada caso notificado no boletim a gente tinha, em média, 20 outros casos que não estavam notificados. O tamanho do problema era vinte vezes maior. Isso é um número que tem sido reproduzido em vários outros lugares do mundo justamente por causa da política enviesada de testagem.”
Para os gestores de Betim, as análises dos dados são de extrema relevância, pois mapeiam onde os contágios estão acontecendo com maior frequência, o que ajuda na elaboração de políticas públicas de prevenção. Segundo o secretário adjunto de Gestão de Betim, Augusto Viana, a pesquisa comprova que há uma influência direta da localização e da dinâmica social e econômica local no potencial de disseminação do vírus.
Para Viana, a localização geográfica de Betim, bem como seu contexto social e econômico, favoreceu a propagação rápida e difusa do coronavírus. “Nosso município é cortado por duas rodovias, BR-040 e BR-381, tem o maior parque industrial de Minas Gerais, faz parte da Região Metropolitana da capital mineira e é referência para dezenas de pequenos municípios em seu entorno. Esses aspectos favorecem a circulação de pessoas de diferentes estados brasileiros e de outros países. A pesquisa mostrou isso, ou seja, a propagação do coronavírus predominou nas regionais administrativas cortadas pelas referidas BR’s e ou que ficam mais próximas do parque industrial”, pontua Viana.
Números da COVID-19 em Betim
Betim alcançou o menor número de internados nos últimos 45 dias. Ao todo são 102 pessoas, sendo 70 no Cecovid-4 e 32 no Hospital de Campanha. O número de pacientes que necessitam de respiradores também abaixou, agora são 15 que atualmente usa o equipamento. A cidade já teve 41 pessoas entubadas em estado grave.
O boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde nesta segunda-feira (31), contabilizou 4.750 casos confirmados, sendo 3.728 recuperados e 175 mortes pelo novo coronavírus.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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