Medo, isolamento, planos cancelados, insegurança e perdas são apenas algumas das diversas questões presentes no cenário da pandemia da COVID-19, o que aumentou a demanda por atendimento psicológico nos últimos meses. Alguns profissionais passaram a oferecer atendimento voluntário neste período. Uma das iniciativas nasceu em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, e hoje já conecta pacientes a profissionais em todo o país. Mas, no momento, eles estão em busca de mais psicólogos para atender a demanda. A fila de espera já ultrapassa as 3 mil pessoas.
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'Fadiga da quarentena' leva embates sobre flexibilização às redes sociaisFelipe Neto e Whindersson prometem custear estudos e assistência psicológica de criança que engravidou após estuproCOVID-19: Estudantes devem voltar às salas de aula com traumas e danos psicológicosCOVID-19: atendimento de psicólogos é ampliado nas unidades de saúde de BHEfeitos da pandemia: Metrô de BH suspende convocação de concursadosPara desenvolver o Psicologia Solidária, Sousa trabalhou com amigos das áreas de publicidade, desenvolvimento de sites e design. Ao entrar no site psicologiasolidaria.online, é possível visualizar a opção “Preciso de ajuda”, dividida para maiores e menores de 18 anos. De lá, a pessoa é direcionada para um formulário onde vai preencher alguns dados e responder perguntas e é submetida à lista de espera. “O sistema via pegando o último psicólogo que se cadastrou e coloca em contato com a última pessoa que buscou atendimento. É muito difícil um psicólogo da sua cidade ou do seu estado atender você. Até porque criamos pensando nessa lógica para evitar vínculos financeiros. Não temos objetivo de fidelizar clientela”, explica Wallace Sousa.
O atendimento, seja por telefone, WhatsApp ou Skype, é gratuito e não há necessidade de comprovação de renda. “Colocamos como forma de atendimento o plantão psicológico, que normalmente vai de três a quatro sessões, podendo estender dependendo da necessidade que o psicólogo observar e da disponibilidade desse profissional”, detalha o idealizador do Psicologia Solidária.
Além de tentar desconstruir o estigma do tratamento psicológico, que ainda é visto com certo preconceito na sociedade, um dos objetivos de Sousa era tornar o atendimento acessível, principalmente durante a pandemia. “O que esse projeto serviu para nos mostrar foi a carência desse profissional inserido principalmente no serviço público. Nós temos cidades no Brasil que normalmente não tem psicólogo e as que têm, tem um psicólogo para uma demanda exorbitante de pessoas. O profissional não dá conta, e mesmo que dê mais ou menos não vai ter um atendimento com qualidade porque é muita gente. Para você ter um atendimento com qualidade é preciso ter pelo menos um número reduzido de pessoas por dia”, comenta. Segundo ele, a ideia é manter o projeto mesmo após o fim da pandemia.
Os psicólogos interessados em participar devem também acessar o site em “Quero ser voluntário”, em seguida em “Sou psicólogo”. Também é preciso preencher um formulário. O critério é ter registro ativo junto ao Conselho Regional de Psicologia (CRP) do estado e ter pelo menos o pré-cadastro no e-psi, o Cadastro Nacional de Profissionais de Psicologia para Prestação de Serviços Psicológicos por meio de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).