Um gemido de um cão choroso, no meio do mato. Foi o suficiente para que o cabo Rogério Rodrigues Alves, lotado na Companhia da Polícia Militar de Passos – um amante dos animais e da natureza –, saltasse de sua motocicleta e fosse até o local de onde vinha o ruído. Encontrou um cão bastante machucado. Foi o bastante para que ele voltasse em casa, apanhasse seu carro e fosse buscar o animal para socorrê-lo. Hoje, o cachorro ganhou patas sobressalentes e está na casa do policial, cercado de atenção.
Essa história começou há quase dois meses. Rogério tem o hábito de ir ao entroncamento da Rodovia Humberto de Almeida, que liga Passos a João Batista do Glória, com uma estrada vicinal. Um local que costuma ser usado para o abandono de animais, e ele leva comida até lá.
“Considero isso uma covardia. O lugar é conhecido como 'Mangueiras'. Um dia desses fui lá, para levar comida, mas não achei nenhum cão. Parei para tomar água, foi quando escutei um gemido. Resolvi seguir o barulho e, junto de uma folhagem seca, lá estava ele, que hoje chamo de Bob" conta o policial.
"Aproximei-me e vi que ele estava muito machucado, na bacia e nas pernas. Não as mexia. Só as dianteiras”, completou Rogério, que imediatamente montou na sua motocicleta, foi até sua casa, em Passos, pegou o carro e retornou ao local. “Eu tinha de socorrê-lo. Minha impressão é que tinha sido atropelado na estrada e rastejou até esse lugar, debaixo de uma mangueira.”
Com cuidado, Rogério enrolou o pequeno cão numa coberta e o levou para Passos, indo direto a um veterinário: “Eu queria salvá-lo. O veterinário disse que as contusões eram sérias, na bacia e nas pernas, e que não poderia fazer nada, pois o cãozinho não suportaria uma cirurgia, mas que ele tinha grandes chances de sobreviver”.
O policial decidiu levá-lo para casa. Ia cuidar dele, para surpresa da mulher, Tarciene, e do filho, Matheus, de 11. “Minha mulher ficou assustada e perguntou o que eu pensava em fazer. Mas, com o tempo, se acostumou e hoje vai olhar o Bobo o tempo todo", afirma.
Bob começou a reagir, segundo Rogério. Escorava nas patas dianteiras e arrastava as traseiras, mas isso provocava ferimentos. “Resolvi fazer curativos e passei a pensar no que poderia fazer. Lembrei-me do meu irmão, Ricardo, de 41 anos, que também é policial militar, em Carmo do Rio Claro. Contei pra ele sobre o Bob. O levei até a casa dele”, recorda-se.
A invenção que ajudou Bob
Ricardo teve a ideia de comprar uma carrocinha para ajudar na locomoção do animal. Eles procuraram nas duas cidades e em outras da região, mas não encontraram.
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Rogério sempre teve o hábito de ajudar animais abandonados, pois isso, vai sempre ao 'Mangueiras'. “Os animais, que resgato lá, trago para a cidade, em Passos, e sempre tem alguém que quer ajudar e adota o cão. Vou continuar fazendo isso, pois gosto de ajudá-los”, ressalta.