Essa história começou há quase dois meses. Rogério tem o hábito de ir ao entroncamento da Rodovia Humberto de Almeida, que liga Passos a João Batista do Glória, com uma estrada vicinal. Um local que costuma ser usado para o abandono de animais, e ele leva comida até lá.
“Considero isso uma covardia. O lugar é conhecido como 'Mangueiras'. Um dia desses fui lá, para levar comida, mas não achei nenhum cão. Parei para tomar água, foi quando escutei um gemido. Resolvi seguir o barulho e, junto de uma folhagem seca, lá estava ele, que hoje chamo de Bob" conta o policial.
"Aproximei-me e vi que ele estava muito machucado, na bacia e nas pernas. Não as mexia. Só as dianteiras”, completou Rogério, que imediatamente montou na sua motocicleta, foi até sua casa, em Passos, pegou o carro e retornou ao local. “Eu tinha de socorrê-lo. Minha impressão é que tinha sido atropelado na estrada e rastejou até esse lugar, debaixo de uma mangueira.”
O policial decidiu levá-lo para casa. Ia cuidar dele, para surpresa da mulher, Tarciene, e do filho, Matheus, de 11. “Minha mulher ficou assustada e perguntou o que eu pensava em fazer. Mas, com o tempo, se acostumou e hoje vai olhar o Bobo o tempo todo", afirma.
Bob começou a reagir, segundo Rogério. Escorava nas patas dianteiras e arrastava as traseiras, mas isso provocava ferimentos. “Resolvi fazer curativos e passei a pensar no que poderia fazer. Lembrei-me do meu irmão, Ricardo, de 41 anos, que também é policial militar, em Carmo do Rio Claro. Contei pra ele sobre o Bob. O levei até a casa dele”, recorda-se.
A invenção que ajudou Bob
Ricardo teve a ideia de comprar uma carrocinha para ajudar na locomoção do animal. Eles procuraram nas duas cidades e em outras da região, mas não encontraram.
“Olhamos na internet, mas era muito caro. Aí, o Ricardo teve a ideia, de ele mesmo, construir o carrinho. Pegou canos de PVC. Montou tudo sem cola, só de encaixar, e colocou duas rodinhas. Adaptamos e, hoje, o Bob pode se locomover”, conta Rogério, orgulhoso.
Ele diz que não vai se desfazer nunca de Bob. Que agora é animal de estimação da família: “Ele está melhorando a cada dia. Eu faço a fisioterapia receitada pelo médico. Acredito que um dia ele possa se locomover sem as rodinhas. Ainda não saímos de casa, pois ainda está em convalescência, mas penso em fazer passeios com ele, mesmo estando no carrinho”.
Rogério sempre teve o hábito de ajudar animais abandonados, pois isso, vai sempre ao 'Mangueiras'. “Os animais, que resgato lá, trago para a cidade, em Passos, e sempre tem alguém que quer ajudar e adota o cão. Vou continuar fazendo isso, pois gosto de ajudá-los”, ressalta.