Enfermeira, modelo e rainha do carnaval de Belo Horizonte, Laís Aparecida da Silva, de 25 anos, relatou à Polícia Civil, nessa terça-feira (1°), o episódio que classifica como o mais agressivo de sua vida. Ela sofreu injúrias raciais após negar uma proposta de encontro com um homem que a abordou via WhatsApp.
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No Instagram, onde a modelo reúne cerca de dez mil seguidores, diversas de mensagens apoio e carinho tentam confortá-la. "Isso renova as nossas energias, a força para continuar essa luta. Muito bom saber que tem tanta gente que torce para que isso (o racismo), de fato, acabe".
Laís espera que a denúncia feita às autoridades inspire outras mulheres negras. "Essas pessoas não podem se sentir à vontade para nos agredir. Eu não sou fetiche e não existo para servir ninguém. Estamos em 2020 e eu sou livre", afirma.
A moça relata que já foi vítima de racismo em outras ocasiões. As agressões, porém, vieram camufladas de "elogio". "Num outro relacionamento que eu tive, a pessoa chegou a me falar que, no tempo da escravidão, eu seria mucama dele. Nunca mais eu ouço esse tipo de coisa calada", avisa.
Insistente
O autor dos recentes ataques racistas ainda não foi identificado. Segundo a enfermeira, o criminoso é insistente. Após os primeiros insultos, foi prontamente bloqueado no WhatsApp, mas passou a fazer contato usando outro número e continuou com as agressões.
O crime de injúria racial está tipificado no Artigo 140 do Código Penal. A punição para o infrator vai de 1 ano a 6 meses de reclusão e multa. Além de prestar queixa à polícia, as vítimas de discriminação podem comunicar o fato por meio do Disque 100, canal que acolhe denúncias de violações de direitos humanos.