Mais um passo em busca de justiça foi dado pela rainha do carnaval de Belo Horizonte, Laís Aparecida da Silva Lima, que levou provas à polícia dos episódios de injúrias raciais que sofreu após negar uma proposta de encontro com um homem que a abordou via WhatsApp. A entrega foi feita nesta quinta-feira (3), na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias Correlatas (Decrin).
No início dessa tarde, Laís saiu da delegacia com a certeza de que cumpre seu papel na sociedade. “Vir aqui hoje é representar toda uma população que sofre desde o nascimento com o constrangimento, a exclusão. O povo negro já nasce com peso nas costas por causa da cor da pele. A gente é menosprezado a todo momento”, disse a jovem de 25 anos.
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Chamada de 'macaca', rainha do carnaval de BH quer justiça: 'Não sou fetiche'Injúria racial e agressões: advogadas denunciam ataques de agentes penitenciários; homens negamInjúria racial em Minas: mulher é condenada por chamar conhecidas de 'macacas'Idoso chama mulher de ''macaca'' em ponto de ônibus e é preso em BH“Terem me colocado como se eu fosse apenas um objeto me feriu muito e ferem outras mulheres também que passam pela mesma situação”, expõe Laís, que além de rainha, é enfermeira e modelo. “Acho que a gente precisa se unir pra tentar colocar um fim nisso. A gente sabe que não vai ser hoje, não vai ser amanhã, mas a gente tem que continuar nossa luta”, acrescenta.
Embora tenha sido recebida pelos policiais civis, Lais contou à reportagem que não se sentiu à vontade durante seu depoimento nesta quinta-feira. “Eles me acolheram muito bem, mas fiquei um pouco constrangida por serem somente homens”, declarou. Apesar de ter depoimentos colhidos por homens, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que o caso está sob a tutela da delegada Juliana Califf.
"A delegacia, chefiada pela delegada Juliana Califf, para a qual o caso foi encaminhado é uma especializada de repressão a crimes raciais e intolerâncias, portanto atende homens e mulheres, independente de raça, gênero ou identidade de gênero. O atendimento é feito por profissionais capacitados e treinados para prestar o melhor acolhimento e orientação possíveis às vítimas. Não há previsão legal de que crimes raciais ou de intolerâncias sejam recebidos por autoridade do mesmo sexo ou orientação sexual das vítimas", respondeu a polícia, em nota.
A PCMG confirmou que foi feita a representação criminal e as provas existentes foram entregues. A partir disso, a Decrin vai fazer a análise das provas e encaminhá-las à perícia para a constatação do crime e identificação do autor. Outros detalhes da investigação ainda não foram divulgados.
Criminoso insistente
O autor dos recentes ataques racistas ainda não foi identificado. Segundo a enfermeira, o criminoso é insistente. Após os primeiros insultos, foi prontamente bloqueado no WhatsApp, mas passou a fazer contato usando outro número e continuou com as agressões.
Como denunciar
Além de prestar queixa à polícia, as vítimas de discriminação podem comunicar o fato por meio do Disque 100, canal que acolhe denúncias de violações de direitos humanos.
Injúria racial é ofender alguém com base em sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. O Código Penal, em seu artigo 140, define prisão ao condenado de um a três anos e multa.
(Com informações de Cecília Emiliana)
(Com informações de Cecília Emiliana)