Desde março, quando foi decretado Estado de Emergência em Viçosa, na Zona da Mata mineira, até o fim de agosto, 105 empresas fecharam as portas e 778 pessoas foram demitidas na cidade e microrregião. O dados foram apresentados pelo empresário e conselheiro da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e da Associação Comercial locais, Paulo Márcio de Freitas, nesta sexta-feira (5), durante encontro do Comitê Especial de enfrentamento à COVID-19.
Os números não abrangem os Microempresários Individuais (MEIs) sem trabalho e levantam a discussão em torno dos impactos negativos à economia local trazidos pelo rodízio de Cadastro de Pessoa Física (CPF). O mecanismo foi criado pela prefeitura para regular o acesso ao comércio.
Pelo modelo, as pessoas têm dias específicos para comprar em algumas lojas e estabelecimentos, conforme o número do seu documento de identificação. O objetivo é evitar aglomerações e organizar a atividade comercial. Contudo, Freitas chama a atenção para a queda das vendas e, consequente, o encerramento das atividades de várias organizações, principalmente as de pequeno porte, com maior dificuldade de acesso à capital de giro.
Leia Mais
Mortes por COVID-19 desatualizadas em MG em semana de 9% de alta média de óbitosBares e restaurantes têm sábado de almoço com bom movimento em BH
Ela acrescenta que a prefeitura já fez a medição da área da maioria dos estabelecimentos da cidade. Os comerciantes só podem atender determinado número de clientes por vez, de acordo com o tamanho das lojas. A intenção dos representantes da classe empresarial é que o rodízio do CPF seja, ao menos, flexibilizado, para liberação de compras segundo o último número do documento. Assim, números pares e ímpares poderiam ir às compras um dia sim e outro não, aumentando o número de vezes por semana.
Situação Insustentável
O empresário Eustáquio Santana concorda. Ele tinha quatro óticas no Centro da cidade, mas teve de fechar uma unidade e demitir 16 funcionários. “A situação ficou insustentável. Sem receita, muita despesa e medo de pegar dinheiro nessa situação”, justifica. Além da questão do rodízio do CPF, ele cita o longo período em que o comércio ficou totalmente fechado e a barreira sanitária, que impede clientes de outras cidades irem à Viçosa para fazerem suas compras como os principais determinantes do cenário atual. “Hoje, precisamos equilibrar esses fatores”, avalia.
Dentre as cidades de maior porte da Zona da Mata, Viçosa é uma das que apresenta melhor controle do novo Coronavírus. Desde 15 de março, quando houve as primeiras notificações da doença, foram 300 casos confirmados e duas mortes. Porém, a taxa de contaminação ainda mantém-se em 1,2. Para atingir a zona mais permissiva do programa próprio de liberação da atividade econômica, o índice deveria ser 1,0.
“Entendemos que estamos tratando de vidas e vidas não são números. A decisão tem de ser colegiada e, por isso, estamos participando do comitê especial. Será pior flexibilizarmos e, em seguida, termos de retroceder ao lockdown”, analisa Barros.
O comitê solicitou aos representantes da iniciativa privada mais dados sobre a situação das pequenas e médias empresas, que serão apresentados na próxima reunião, para que uma nova deliberação sobre o assunto seja tomada. A polêmica sobre o rodízio do CPF foi encaminhada ao Grupo Técnico Municipal de Enfrentamento à Covid-19, para análise mais aprofundada.