Em Belo Horizonte, com as diversas flexibilizações na área comercial e com praças públicas sem grandes limitações, a ideia do “fique em casa”, pregada desde março devido à pandemia do novo coronavírus, parece ter ficado definitivamente para trás. A reportagem do Estado de Minas circulou por pontos da capital de Minas Gerais na manhã deste domingo (6) e constatou milhares de pessoas nas ruas, seja aproveitando o agradável tempo ensolarado, visitar amigos ou até mesmo ir a algum estabelecimento.
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COVID-19: Após 'pane', SES-MG volta a divulgar dados com registro de mais 129 óbitosDomingo segue ensolarado em BH com baixa umidade e poucas nuvensPandemia expõe vírus da ansiedade, pânico, depressão e insôniaFeriado terá calor 'de rachar' e baixa umidade; previsão é de até 35°C em MinasPandemia faz disparar devolução de escritórios no BrasilSegurança, cautela e receio no cardápio de quem decidiu ir aos restaurantes neste domingoMorador do Bairro Caiçara, Antônio de Jesus Ferreira, de 63 anos, aproveitou para passear com a filha, Rebeca, de 15. "As coisas parecem estar melhorando. O comércio voltou a funcionar, você vê que a maioria das pessoas está tomando os cuidados. E as pessoas, principalmente as crianças, têm essa necessidade de aproveitar um tempo bom como esse aqui na orla da Lagoa", afirma.
Já na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH, o cenário foi semelhante ao da Pampulha. A praça não estava tão cheia quanto a orla da Pampulha, mas muitas pessoas faziam atividades físicas ou aproveitavam o espaço para lazer.
A grande maioria parecia preocupada com a propagação da COVID-19 e tomava os cuidados necessários, como uso de máscara de proteção e a necessidade de manter o distanciamento. Porém, ainda foi possível perceber algumas pessoas sem máscaras, tanto quando praticavam exercícios quanto nos momentos de lazer e relaxamento.
A fiscalização também estava presente. Além de Guarda Municipal, agentes da BHTrans e da prefeitura estavam mobilizados.
BH tem um avanço ininterrupto da retomada das atividades comerciais desde o início de agosto, quando estabelecimentos comerciais considerados não essenciais começaram a abrir as portas, desde que sigam os protocolos estabelecidos. Nessa semana, bares e restaurantes puderam abrir até 22h em certos dias e vender bebidas alcoólicas, outro momento que indica o avanço da flexibilização na capital.
Atividade física de máscara?
Algumas pessoas, quando abordadas pela reportagem, queixaram-se do uso da máscara na prática física ao ar livre. Segundo Luciano Sales Prado, professor e doutor em Ciências do Esporte e coordenador técnico do Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o uso da máscara de proteção durante as atividades físicas em público é necessária.
"A proximidade física é perigosa. Há um risco de contágio por meio de gotículas, que são expelidas pela respiração. Por isso, a máscara é uma barreira física importante, tanto para que a pessoa não contamine os outros quanto para que não seja contaminada. Como a máscara é uma barreira física, pode ser que realmente se crie um microambiente entre a boca e o nariz que contenha um pouco mais de dióxido de carbono. No entanto, isso não é necessariamente ruim, tóxico, nem faz mal à saúde", disse, à Rádio UFMG Educativa.
O especialista lembrou que o rendimento pode ser menor com o equipamento, pela dificuldade de respiração, mas que não causa nenhum mal à saude. “O que pode acontecer é que, em exercícios mais prolongados e intensos, essa musculatura seja sobrecarregada e o desempenho seja reduzido. Isso é possível, mas não representa nenhum risco para a saúde das pessoas”.
COVID-19 em BH
Desde que a prefeitura passou a informar diariamente em seus boletins a ocupação dos leitos, em 30 de maio deste ano, a taxa de uso das unidades de terapia de intensiva nunca foi tão baixa. O menor quantitativo no período havia sido registrado no último dia 28: 52,8%.
Belo Horizonte chegou na última quinta-feira (3) a 1.057 mortes por COVID-19. O boletim epidemiológico e assistencial da prefeitura informa que 13 óbitos pela doença aconteceram entre quarta e quinta. Quanto ao número de casos, a cidade chegou a 35.319 – uma diferença de 357 diagnósticos para o levantamento anterior.
COVID-19 em Minas Gerais
O número de pessoas que morreram em decorrência de infecção pelo novo coronavírus em Minas nesse sábado está desatualizado e oficialmente permaneceu em 5.708 óbitos, mesmo quantitativo da última sexta-feira, em semana de alta na média diária de óbitos notificados de 9%. O mesmo boletim deste sábado, contudo, aponta aumento de 3.865 casos de COVID-19 no estado, de 228.013 para 231.878 testes positivos.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o fato se deve a uma instabilidade no sistema de notificações do Ministério da Saúde, em Brasília. Levando-se em conta um apanhado de registros diários de óbitos, a média semanal de domingo a sexta-feira desta semana foi 9% superior à média do mesmo período da semana anterior, subindo de 67 para 73 óbitos em média todos os dias.