Além de ser o Dia da Independência do Brasil, o dia 7 de setembro tem um significado especial a mais para os belo-horizontinos: o aniversário do Mercado Central, localizado na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Nesta segunda-feira (7), o grande ponto turístico da capital mineira completa 91 anos de atividade.
Em razão da pandemia do novo coronavírus, a comemoração deste ano está bem reduzida em comparação aos anteriores. O mercado, que abriu as portas às 8h nesta segunda-feira, funcionará até às 13h, mas com lotação máxima de 370 pessoas. Assim, uma fila se formou na porta local com pessoas esperando a oportunidade de passear pelos corredores do mercado.
"O aniversariante de hoje está assediado", comentou Luiz Carlos Braga, superintendente do Mercado Central. Mesmo com os desafios, o aniversário não está passando em branco. "Tradicionalmente, a gente tem, na Praça do Abacaxi, bolo para mais de 600 pessoas, banda de música, parabéns. Este ano a gente não vai ter nada. Infelizmente, o momento não permite grandes comemorações. Acho que todos os aniversariantes de março pra cá tiveram um bolo virtual e o Mercado não é diferente", disse Luiz.
Há cerca de um mês, desde quando a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) começou a flexibilização do comércio, o movimento no Mercado vem crescendo. "Com o comércio voltando, mesmo que seja em apenas alguns dias, reflete aqui dentro do Mercado", comenta. Entretanto, Luiz vê que o momento é complicado: "Lógico que as pessoas não podem achar que a pandemia acabou, mas só de algumas pessoas saírem de casa, com a proteção necessária, a gente já sente o movimento".
Luiz conta que as lojas estão funcionando dentro dos protocolos de segurança para evitar a propagação do novo coronavírus. "Temos álcool em gel, todos usam máscaras, temos avisos sonoros e fizemos uma circular para os comerciantes mostrando a necessidade de manter os protocolos", comenta.
Além disso, o superintende afirma que está do lado dos comerciantes para que este momento passe com segurança, "o mais rápido possível". "Espero voltar para o aconchego da resenha, do cafezinho. Isso é importante", completa.
Bares
Com a flexibilização do comércio em BH, os bares do Mercado voltaram a funcionar no último sábado (5), após cerca de seis meses fechados. Dos 13 bares do mercado, 11 funcionaram neste final de semana, "seguindo os protocolos determinados pela PBH", garantem.
"Os bares do Mercado são, tradicionalmente, apertados. Com bancadas de dois ou três metros de cumprimento", comenta Luiz. Para ampliar a capacidade dos bares e aumentar a segurança dos clientes, os donos dos bares e a administração decidiram colocar mesas no estacionamento, em uma área aberta de 540 m² na parte localizada acim das lojas.
"Então o cliente fica sentado lá, bebendo a cerveja e comendo um petisco. Todos os materiais são descartáveis. Inclusive, foram disponibilizado caixas térmicas para colocar as garrafas", comenta Luiz. Outro ponto que reforça a segurança dos clientes nos bares são os garçons. "Não pode transitar com nada descoberto nos corredores. Então, você pede o tira-gosto, o cara faz no restaurante e leva para você com tudo tampado", explica.
Apesar desta medida, Júlio Pereira, dono do bar Fortaleza, conta que o movimento foi muito baixo. "Está muito fraco. Hoje (segunda), o horário de funcionamento permitido para os bares é das 11h às 13h. Então nem deu tempo", conta Julio. Para ele, houve pouca divulgação sobre a abertura dos bares. "Como só abrimos às 11h, muita gente já tinha ido embora", explica.
O bar Fortaleza está com uma área demarcada no corredor e com algumas mesas no estacionamento. Apesar da grande disponibilidade de espaço, o dono conta que as mesas ainda estavam vazias. "Não está enchendo nem aqui embaixo- no corredor-, imagina lá em cima que as pessoas ainda não têm costume", explica.
Mesmo com as dificuldades, Julio se mantém positivo. "Ainda dá tempo de melhorar. Vai melhorar", diz. Os carros chefes da casa, o chopp e a cerveja gelada, devem atrair clientes nesta segunda-feira de muito calor.
História
Em 7 de setembro de 1929, o antigo campo de futebol do America dava espaço para a criação do Mercado Central. Com apenas algumas barracas, a intenção era reunir comerciantes no centro da capital mineira.Mais de nove décadas depois, o Mercado abriga mais de 400 lojas. Com atendimento bilíngue, tornou-se um ponto turístico da capital que atrai pessoas do Brasil e do mundo.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira