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COVID-19: Abertura do comércio em Uberlândia reflete no aumento dos casos


Uma pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no Triângulo Mineiro, mostrou que picos de contágio do novo coronavírus e ocupação de leitos de UTI na rede de saúde estão ligados com períodos de abertura do comércio na cidade. A pesquisa ainda traz o perfil da maior parte das internações, homens com mais de 60 anos, que ocupam leitos de enfermaria.



A pesquisa analisou dados de 20 semanas, entre os meses de março e agosto de 2020, levando em consideração casos que atenderam aos critérios diagnósticos para a COVID-19, de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde.

Com isso, o verificado foi que “aberturas do comércio e de espaços de lazer de 15 de abril e 28 de maio precederam períodos de aumento das médias móveis e das taxas de crescimento de casos confirmados para a COVID-19, com tendência de crescimento confirmada. Enquanto a paralisação das atividades realizada a partir de 19 de junho precedeu um período de diminuição da média móvel e da taxa de crescimento dos casos confirmados. Os óbitos confirmados se comportaram de forma semelhante, acompanhando os períodos de aumento ou queda percentuais”.

Por exemplo, quando analisados os decretos municipais de abertura e fechamento comercial, nos meses de abril e maio, houve tendência de crescimento da média móvel dos casos confirmados após 14 dias dos dois primeiros decretos municipais de maior abertura comercial. A média móvel de casos confirmados cresceu 342% em abril e 250% em maio, após autorização de funcionamento de comércio em geral e depois de shopping centers.





Outro ponto salientado é a alta taxa de alocação dos pacientes em UTI, que correspondeu a 45% das internações diárias. O número elevado também apontaria a concentração da testagem em pacientes mais graves.

Um dos responsáveis pelo levantamento, Stefan Vilges de Oliveira, afirmou que uma informação importante que não é divulgada pelo poder público é a taxa de distanciamento social em Uberlândia. “Com isso, após fechamento ou abertura do comércio, a gente não sabe o real impacto no movimento da população. Recentemente os gestores do Município informaram que essa taxa está baixa, em torno de 35%, mas a gente precisaria saber disso ao longo da série histórica”, afirmou.

Menos testes


Mais recentemente houve dados conflitantes com a tendência de crescimento de casos, uma vez que a reabertura comercial de 17 de julho precedeu um período de redução da média da taxa de crescimento e da média móvel dos casos confirmados. O que pode ser explicado, segundo a pesquisa, com a queda na quantidade de testes realizados diariamente. Isso levou ao acúmulo de suspeitas e manutenção de óbitos e internações no período.





“Em determinado foi represando um volume grande de amostras com a justificativa de indisponibilidade de testes e acabou criando condição de abertura comercial. Quando a testagem se regularizou percebemos novo aumento do índice de casos e óbitos. A gente monitora muito o número de óbitos, porque aí os testes são mais fidedignos e nesse acompanhamento o número de óbitos não teve redução”, explicou o pesquisador Stefan de Oliveira.


Perfil


Homens com mais de 60 anos são maioria nas internações por infecção por coronavírus. A pesquisa da UFU apontou que até agosto, que pessoas de 60 anos somam mais da metade da média de alocação dos leitos (55%) para as internações registradas. Pode-se observar maior frequência (29%) de casos entre adultos de
40 a 59 anos quando comparados a outras faixas etárias isoladas, sendo as crianças (4%) e jovens e adultos entre 13 e 39 anos os que registraram menor número de internações (11%).

Dados gerais


Entre 21 de março e 7 de agosto de 2020, foram realizados um total de 59,9 mil testes, desses 14,4 mil foram positivos (24%) e 45,5 mil negativos (76%). Nesse período, Uberlândia registou um total de 265 óbitos pela COVID-19. A incidência de casos confirmados foi de 2.081,42 casos/100 mil habitantes e a letalidade foi de 1,84%. A taxa de mortalidade foi de 39,33 óbitos/100 mil habitantes. A taxa de testagem até o momento é de 8.678,36 testes/100 mil habitantes.



O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.



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Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

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