Em greve há 24 dias, trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) saíram às ruas do Centro da capital na tarde desta sexta-feira (11).
A marcha começou na Praça da Estação e segue até à porta da agência central da empresa na Avenida Afonso Pena, com cerca de 600 pessoas - número informado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Correios de Minas Gerais (Sintect/MG). É o segundo protesto da categoria desde 17 de agosto, início da paralisação.
No ato, que integra um movimento nacional, organizado em todas as capitais do país - os manifestantes protestam contra a retirada de direitos como adicional de 30% do salário-base, redução do valor do tíquete restaurante e corte do auxílio pago a empregados que têm filhos com deficiências, como a Síndrome de Down.
Segundo o Sintect/MG, os benefícios constavam no dissídio coletivo julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) no ano passado, com validade de dois anos. A ECT, entretanto, conseguiu derrubar 60 das 79 cláusulas do acordo por meio de liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Com isso, a nossa remuneração cai pela metade. E ela já é baixa. A média dos nossos salários é de R$ 1700", esclarece o presidente do Sintect/MG, Robson Silva.
Ainda de acordo com o dirigente, o ato denuncia suposta pressão do governo federal pela privatização da ECT. "Entendemos que esse é um processo de retirada de direitos dos trabalhadores para reduzir o passivo trabalhista da empresa e privatizá-la, posteriormente. Não podemos deixar que isso aconteça. A ECT é um patrimônio do povo brasileiro, que não só entrega de materiais didáticos a equipamentos médicos, como também atende às camadas mais pobres da população, oferecendo serviços bancários, por exemplo", argumenta o líder sindical.
Impasse
A ministra Kátia Arruda, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), marcou para esta sexta (11), às 15h, uma audiência de conciliação sobre a greve dos trabalhadores dos Correios. O encontro será realizada por meio de videoconferência, com participação restrita aos representantes dos sindicatos dos funcionários, da ECT e do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Segundo a ministra, trata-se de uma tentativa de buscar uma solução consensual para o impasse tabalhista e evitar que o caso seja levado para julgamento na Seção de Dissídios Coletivos.
No mês passado, após fracasso das primeiras tentativas de conciliação, o ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho determinou que o caso fosse levado a julgamento. Mello se poscionou a favor da manutenção das 79 cláusulas do acordo coletivo assinado no ano passado, com manutenção de todos benefícios concedidos aos funcionários, exceto o reajuste de 3% dos salários. A proposta foi aceita pelos sindicatos, mas recusada pela ECT.
Os Correios argumentam que não podem manter os benefícios, pois a estatal teria tido suas receitas impactadas pela pandemia da COVID-19 e "não têm mais como suportar as altas despesas”, incluindo benefícios que “não condizem com a realidade atual de mercado". (Com infomações da Agência Brasil)