Em maio e junho, houve um aumento de quase 10% no número de ocorrências de violência doméstica em 15 cidades da Zona da Mata atendidas pela 76ª Companhia da Polícia Militar. O período coincide com o de maior isolamento social na área, devido à COVID-19. Só em Muriaé, sede da Cia, foram registrados 739 boletins de ocorrência com essa tipificação criminal.
Devido ao avanço de casos e no intuito de prestar atendimento mais humanizado às vítimas, o comando do 47º Batalhão da PM (BPM) firmou parceria com várias correntes religiosas, para um acompanhamento de longo prazo junto às famílias.
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O pastor Iankee Berget, da Igreja Metodista Wesleyana, explica a filosofia do projeto, inovador na PM: “Os líderes espirituais e a estrutura das igrejas vêm, não com o intuito de formar novos fiéis, não queremos pregar a nossa fé. Independentemente de qual religião preste apoio àquela família, por já trabalharmos com situações adversas semelhantes, temos condição de ajudar, direcionando aquelas pessoas com um bom testemunho”.
A Igreja Metodista, por exemplo, tem entre seus fiéis terapeutas familiares, psicólogos e psicanalistas que já se dispuseram a integrar o time que fará esse acompanhamento, quando alguma família for direcionada.
“É uma parceria muito séria e sábia. Foram desenvolvidos relatórios, para mantermos diálogo aberto e darmos retorno à PM sobre em que ponto está o trabalho e em que situação se encontram as pessoas encaminhadas, até mesmo, para que sejam providenciados outros direcionamentos”, completa o pastor.
A ideia do comando do 47º BPM é extrapolar a atuação da polícia para além das medidas legais de afastamento e prisão do agressor. “Queremos fazer uma escuta ativa, atenciosa, sermos a polícia comunitária”, complementa o tenente.
Para isso, foi montado um esquema especial de atendimento a essas ocorrências. No primeiro momento, a viatura de plantão atende ao chamado, mas há uma segunda visita, feita, especificamente, pela Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD), na qual está sempre empenhada uma mulher.
“Essa policial é designada para se aproximar da vítima, passado o calor do problema, para verificar como está aquela família, os filhos, se houve reincidência, quais as outras questões envolvidas como desemprego, alcoolismo, dependência química. É ela que vai oferecer esse acompanhamento, e ele só ocorre se houver manifestação de vontade por parte dos envolvidos”, finaliza Laviola.