Há seis meses sem funcionar, a tradicional Feira de Artes, Artesanato e Produtores de Variedades de Belo Horizonte, instalada aos domingos na Avenida Afonso Pena, também chamada de “Feira Hippie”, poderá retomar suas atividades em breve, já que a Prefeitura de Belo Horizonte propôs na última semana um plano de retorno que deve ser discutido com os feirantes nos próximos dias.
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Minas registra 10 mortes pela COVID-19 em 24h, menor número em 15 diasTuristas invadem cachoeiras da Serra do Cipó, em MinasComerciantes informais querem aproveitar lojas abertas aos sábados para impulsionar vendas COVID-19: 'A hora é de bom senso para manter avanços na flexibilização', diz secretário de SaúdePF investiga quadrilha que vendia vagas falsas na Faculdade de Medicina da UFMGUsuários encontram agências do INSS fechadas no primeiro dia de atendimento presencialTambém de acordo com a prefeitura, a proposta, feita com base nos parâmetros de distanciamento social colocados pela Vigilância Sanitária, deve ser avaliada a partir de um senso entre a comissão e a prefeitura, para apurar quais feirantes querem retornar os trabalhos durante a pandemia.
Há 22 anos, a família de Maria de Lourdes Jeronimo, de 62, tem uma barraca onde comercializa pelúcias. A filha dela, Carolina Stephanie Jerônimo, de 25, conta que até o momento a mãe não recebeu nenhum comunicado formal da prefeitura anunciando o plano de retomada. Como não depende exclusivamente da renda obtida na feira, a família afirma que deve pesar os prós e contras antes de pensar em voltar a expor os produtos no local, já que a matriarca pertence ao grupo de risco da COVID-19.
“Não pretendemos voltar porque achamos que não é o momento. As pessoas não vão respeitar, elas vão estar comendo, vão estar sem máscara e o espaçamento entre as barracas é muito pequeno e fica muito cheio, muita aglomeração. Sempre tem muita gente na feira, mesmo se colocar barraca sim, barraca não, acredito que ainda vai ficar muito tumultuado”, analisa Carolina.
Antes da pandemia, a estimativa era de que 80 mil pessoas visitassem semanalmente o local. Com cerca de 1.800 expositores e tendo como base a comercialização de artesanato e manufaturas, a feira ao ar livre da Avenida Afonso Pena, na Região Central, local que a sedia desde 1991, empregava 30 mil pessoas, direta ou indiretamente, segundo informações dos organizadores.
Os impactos da suspensão das atividades por causa das medidas restritivas em relação ao coronavírus têm sido duros na família de Ione Moura, 53, que há 40 anos vende artesanatos na feira. Sem poder expor os produtos desde 15 de março, as vendas paralisaram e a família tÊm vivido com a renda do auxílio emergencial do governo federal e com a ajuda de uma cesta básica que recebe mensalmente da prefeitura. Por esse motivo, a notícia da possível volta das atividades foi recebida por ela com entusiasmo.
“Nós estamos precisando que volte rápido, nossa única fonte de renda é a feira. Faça chuva ou faça sol a gente estava lá. Estou recebendo o auxílio, mas não está dando para pagar as contas. Eu preciso voltar urgente, eles estão querendo aumentar o tamanho, será um espaço bem grande e eu sempre me protegi mesmo antes da pandemia. Me sinto segura para voltar. Vou continuar me protegendo e também usando máscara”, disse Ione.
A prefeitura agora aguarda a análise e o parecer dos expositores com relação ao atual plano de retomada. “Caso haja queda expressiva no interesse, algum outro protocolo poderá ser proposto onde seja possível o funcionamento sem a alternância", concluiu a nota.
* Estagiária sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira