Jornal Estado de Minas

ALERTA AMBIENTAL

Queimadas no Pantanal podem causar fumaça e 'chuva preta' em regiões de Minas e São Paulo

Os crescentes focos de queimada em todo o Brasil podem provocar mudanças aparentes no tempo em regiões de São Paulo e na faixa Sul de Minas Gerais. Isso porque essas localidades podem receber incidência de fumaça acima do normal e até a "chuva preta".





Algumas regiões desses estados já estão com alta incidência de fumaça em virtude de queimadas locais - e que pode se intensificar nos próximos dias. "A fumaça e a fuligem do Pantanal, onde a situação está mais crítica, ainda não chegaram em outras regiões porque o vento está no sentido contrário. Agora, com a chegada da frente fria sobre o Sudeste, a direção muda e deve atingir regiões do Sul de Minas e de São Paulo", explica Anete Fernandes, meteorologista do 5º Distrito do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Apesar disso, estão previstas chuvas para o Pantanal antes da chegada da frente fria sobre o Sudeste. "Isso diminuirá o transporte de fuligem para o Centro-Leste do Brasil. A incidência em São Paulo, inclusive, deverá ser maior que em Minas Gerais", detalha Anete.

As fuligens são pequenas partículas pretas, transportada pelo ar que, quando são encostadas, se transformam em pó preto. Alguns desses elementos foram vistos em Belo Horizonte nos últimos dias, em virtude das queimadas na Serra da Moeda. "Trata-se de uma forma de limpeza da atmosfera", esclarece a meteorologista.




 
Fuligem em apartamento da capital durante período de queimadas de 2019 (foto: Túlio Santos/EM/D.A. Press)
 
 
A combinação entre essas fuligens em grande quantidade e as chuvas causam, como consequência, as chuvas pretas. "Como há expectativa de chuva para o domingo no Sul de Minas, há chances de registro de chuva preta", comenta. "Em BH é praticamente impossível".

Dados do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais mostram um aumento de apenas 1% na quantidade de incêndios florestais no estado entre janeiro e agosto de 2020 quando comparado com o mesmo período do ano passado. Entretanto, satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já detectaram 1.951 focos ativos de queimadas em Minas até essa quinta-feira, (17). Setembro, que ainda não consta nos dados atualizados dos Bombeiros, foi justamente o mês das queimadas mais intensas.


*Estagiário sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira