Em greve há um mês, trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) se reuniram novamente na manhã desta quinta-feira (17), em frente ao prédio central da instituição, na Avenida Afonso Pena, na Região Central de Belo Horizonte.
As manifestações são uma resposta da categoria que vem realizando uma série de atos como parte do movimento nacional, organizado em todas as capitais do país contra a retirada de direitos, como adicional de 30% do salário-base, redução do valor do tíquete-restaurante e corte do auxílio pago a empregados que têm filhos com deficiências, como a síndrome de Down.
Segundo o Sintect/MG, os benefícios constavam no dissídio coletivo julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) no ano passado, com validade de dois anos. A ECT, entretanto, conseguiu derrubar 60 das 79 cláusulas do acordo por meio de liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo com a pandemia a empresa não parou suas operações por ser considerado um serviço essencial. “A empresa não quis falar quantos trabalhadores foram infectados, quantos morreram com a pandemia. Pela nossa contabilidade a gente já perdeu mais de 80 companheiros no Brasil”, afirma Luiz Rocha, diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios (Sintect).
Para Luiz, a retirada desses direitos neste momento, torna a situação ainda mais dura para os profissionais que têm se arriscado neste momento tão delicado. “Mesmo diante de todo esse cenário a empresa ainda tenta reduzir nossos salários, mesmo as cláusulas que tratam sobre racismo, situações que não causam impacto financeiro a empresa, ela quer retirar do acordo coletivo”.
Ainda de acordo com o diretor do Sintect, o ato denuncia uma suposta pressão do governo federal pela privatização da ECT.
“A gente entende que é uma política para privatizar a empresa. Para facilitar essa venda da estatal, porém os trabalhadores estão sofrendo. Até então, eles estavam na rua fazendo o serviço. Ninguém queria que essa greve fosse por conta de todas essas retiradas a gente quer a nossa dignidade de volta. As nossas perdas são inimagináveis”, conclui.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.