Desde o início da pandemia provocada pela COVID-19, cerca de 150 feirantes que atuavam no espaço do Mercado do Livre Produtor, na Ceasa de Contagem, estão sem poder trabalhar. Eles alegam que dependiam do trabalho na feira, aos sábados, para garantir seu sustento e pagar as contas.
Cristina Kwong tem uma banca de frutas, trabalha há mais de 20 anos no espaço e teme a possibilidade de a feira não retornar no modelo em que era constituída.
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Kwong ressaltou que os expositores produziram um abaixo-assinado em junho pedindo à direção da Ceasa que revisse o impedimento ao funcionamento da feira. No entanto, alega que após quase três meses, não obteve retorno da central de abastecimento.
À reportagem do jornal Estado de Minas, a assessoria de comunicação do órgão disse que a feira não foi retomada devido ao fato de o município de Contagem estar na onda amarela, o que impede a realização deste tipo de evento. No entanto, em outros municípios na mesma situação, como Sete Lagoas, também localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, permitiram o retorno das feiras.
Procurada, a Prefeitura de Contagem afirmou que segue o plano Minas Consciente e que, estando na onda amarela, não teria como permitir a realização das feiras livres.
Cristina pede, então, uma garantia de que seu lugar na feira esteja garantido no momento em que a feira for retomada. Ela afirma que o espaço ocupado pelos feirantes era pago semanalmente e que todos trabalhavam em conformidade com a determinação da Ceasa.
“O que a gente quer é uma resposta da Ceasa, uma certeza de que poderemos voltar ao trabalho assim que for permitido. Mas a gente não consegue falar com ninguém. Não recebe uma ligação, um e-mail, nada. A feira é boa para todo mundo, é boa para a Ceasa. Se a gente souber que irá voltar a partir da publicação do decreto estaremos mais tranquilos e seguros, apesar de toda dificuldade financeira vivida pelos feirantes. Mas já seria uma luz no fim do túnel”.
Sobre isso, a Ceasa se limitou a dizer que não pode, “pôr atividades de comércio sem devidos contratos de concessão e que não tem planejado o retorno da feira conforme o modelo anterior”.