A juventude é um dos principais alvos de morte violenta no Brasil e, a campanha #FAZDIFERENÇA lançada em Belo Horizonte com parceria do poder público, da universidade e dos movimentos sociais, nasceu do desejo de dar visibilidade às práticas cotidianas de diversos profissionais que atuam para mudar essa realidade na vida de adolescentes e jovens, mas que, muitas vezes, não têm espaço nos fluxos e protocolos institucionais.
Diante da vulnerabilidades e dos riscos das mais diversas ordens, esses agentes sociais demonstram que fazem a diferença e que não se contentam apenas com a oferta de serviços públicos e constroem soluções criativas com os adolescentes e os jovens em situação de risco social ou em conflito com a lei na RMBH, para preservação da vida. “Por mais que as histórias se repitam, cada adolescente é um universo”, conta a técnica do CREAS Marisa Silva.
Com lançamento marcado para a próxima terça-feira (22), às 14h, pelo canal do Youtube da campanha, o evento conta com a participação de Benilda Brito, professora e integrante do Nzinga - Coletivo de Mulheres Negras, Cássia Vieira, coordenadora do Fórum Permanente do Socioeducativo de Belo Horizonte, Leandro Zerê, integrante do Fórum das Juventudes da Grande BH, e Rafaela Lima, coordenadora da ONG Associação Imagem Comunitária (AIC). As atrações culturais ficam a cargo dos jovens da comunidade Vila Pinho, do Barreiro.
No evento, serão lançados o livro digital e a plataforma da campanha, que também conta com uma série de podcast e vídeos. Todos os materiais serão disponibilizados gratuitamente.
Além disso, a campanha apresenta vídeos com depoimentos dos participantes e uma série de podcasts, que reúne a voz de pesquisadores, militantes e trabalhadores com experiência na área.
Contexto
Para entender a realidade da juventude da capital, entre março e agosto deste ano foi realizado um processo de escuta com juízes, defensores públicos, promotores e procuradores de justiça, assistentes sociais, psicólogos, educadores, agentes de segurança socioeducativos, pesquisadores, militantes entre outros, para compreender como cada um pode fazer a diferença para preservar a vida da juventude com a qual trabalha.
“Esse adolescente não morreu semana passada, mas quando nós, enquanto instituições, começamos a dizer também que não tinha mais jeito. Eles morrem muito antes dos óbitos acontecerem”, avaliou Fabia Carvalho, coordenadora geral do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte de Minas Gerais (PPCAAM).
Opinião compartilhada entre parte significativa do sistema de justiça juvenil, como demonstra a defensora pública Ana Paula Canela: “os jovens chegam na Defensoria emoldurados pelo ato infracional, a faceta mais opressora do Estado. É muito difícil para esse adolescente desconstruir esse etiquetamento que o sistema faz. Cabe a nós oferecermos uma escuta qualificada e um espaço de voz para eles”.
O resultado desse processo resultou na publicação Faz Diferença, uma realização do Fórum Permanente do Socioeducativo de Belo Horizonte e da Associação Imagem Comunitária (AIC). Para saber mais, acesse as redes sociais: https://www.instagram.com/oquefazdiferenca/.