Uma operação deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais, por meio da Promotoria de Justiça de Caratinga, denominada “Operação Macaw”, cumpriu 24 mandados de busca e apreensão em Ribeirão das Neves, Sete Lagoas, Manhuaçu, Caratinga, Caraí e Uberlândia – todos em Minas Gerais.
A mega operação teve como objetivo combater o crime de associação criminosa (quadrilha), lavagem de dinheiro e prática de crimes contra o meio ambiente (guarda ilegal em cativeiro, maus-tratos, comércio ilegal e tráfico de animais silvestres) e contou com o apoio da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna (CEDEF), do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais (NUCRIM), Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (CAOET), Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (GAEMA-RJ).
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Ação criminosa
A promotora de Justiça de Caratinga, Ana Paula Lima da Silva, disse que as investigações que culminaram nessa operação, identificaram que os suspeitos de tráfico e maus-tratos aos animais silvestres, também utilizavam licenças falsas para transporte de animais. “Essas pessoas movimentam uma grande quantia com essa ação criminosa. Conforme dados coletados por meio de interceptações e quebras de sigilo telefônicos, identificamos contatos com números de todas as regiões do Brasil. Ainda estamos iniciando a operação, mas já é possível ter um cenário consolidado da atuação criminosa”, disse.
A operação contou com a participação de dois auditores da Receita Federal, para fazer as análises das notas fiscais e demais documentações apreendidas junto aos suspeitos. “A nota fiscal descreve um determinado animal, mas quando se compara com a ave, documentos de transporte e certificado de origem, as informações não batem. Utilizam essa forma de atuação para garantir aparente legalidade. É aí que alguns consumidores que não têm conhecimento acabam comprando essas aves de traficantes.”
Pedro Paulo Fonseca, Superintendente do Ibama em Minas Gerais, informou que a Operação Macaw indica um norte para as próximas atuações de fiscalização. “A investigação, os resultados colhidos, mostraram que as quadrilhas que atuam no tráfico de animais silvestres se sofisticaram. Estão usando métodos que tentam dar um viés legal à prática criminosa, como a venda de animais vítimas de tráfico com documentação falsa”, comentou o superintendente.
Tráfico rentável
Comandante da 12º Companhia de Polícia Militar de Meio Ambiente, o capitão Átila Porto informou que foram apreendidas três armas de fogo durante a operação. “A operação está tendo êxito dentro do esperando. Os trabalhos ainda não foram finalizados, mas até o momento a operação é exitosa”, disse. O capitão Átila explicou também que o tráfico de animais silvestres é, em muitos casos, mais rentável que o tráfico de drogas. “Um mico-leão dourado, por exemplo, chega a custar mais de R$ 60 mil”.
Instrumentos utilizados para transporte de aves, gaiolas, celulares, notebooks e outros equipamentos eletrônicos foram apreendidos durante a operação. A apuração dos fatos que originou a operação ocorreu no âmbito de Procedimento Investigatório Criminal do MPMG, em virtude da apreensão de araras que estavam sendo traficadas e algumas delas chegaram a entrar em óbito, ainda em 2019, em Caratinga. Devido a isso, o nome da operação "Macaw" faz alusão à tradução do nome arara para a língua inglesa.
O combate ao tráfico de animais silvestres é compromisso firmado entre os participantes da operação, que compõem grupo temático para definição de estratégias de atuação no estado de Minas Gerais.
Todos os animais apreendidos no âmbito da operação Macaw serão entregues para reabilitação nos Centros de Triagem de Animais Silvestres de Belo Horizonte e Juiz de Fora, administrados pelo Ibama em parceria com o IEF. As espécies também serão encaminhadas ao Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), de Patos de Minas, unidade gerenciada apenas pelo IEF.