Para o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling, a retomada das aulas presenciais no Colégio Militar de Belo Horizonte, iniciada nesta segunda-feira (21), é perigosa e “desrespeita princípios básicos de civilidade”.
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O infectologista afirma que os protocolos sanitários anunciados pela escola - tais como número máximo de 15 alunos por sala e distanciamento de 1,5 metro entre as carteiras - não protegem os jovens e profissionais da instituição no atual cenário da pandemia. Ele explica que as medidas só são eficientes dentro do contexto de baixo risco de transmissão.
“Outra questão séria é que as crianças infectadas pela COVID-19 comumente desenvolvem a síndrome inflamatória, quadro tratado com imunoglobulinas (medicamento que contém contém anticorpos). E nós sequer temos estoque suficiente desse medicamento para o dia a dia, para tratar outras doenças inflamatórias não relacionadas à COVID. Como é que vamos tratar as crianças infectadas?”, questiona Starling.
Retorno
Fechado desde 11 de março, o Colégio Militar de Belo Horizonte retomou as aulas presenciais na manhã desta segunda-feira (21), com revezamento de turmas. Estudantes do ensino médio frequentam a escola às segundas, quartas e sextas, em de forma alternada. Os do ensino fundamental - 8º e 9º ano - às terças e quintas.
Na noite de sexta-feira (18), a Justiça Federal barrou o retorno dos 620 alunos do colégio. A decisão atende ao requerimento do Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas no Serviço Público Federal em Minas Gerais (Sindsep-MG).
Em comunicado emitido aos pais no domingo (20), a escola argumentou que a retomada estaria amparada em parecer de força executória da Procuradoria-Geral da União (PGU) e da Advocacia-Geral da União (AGU). Juristas consultados pela reportagem, no entanto, argumentam que uma decisão judicial só pode ser sobreposta por outra.
O Estado de Minas procurou o Exército Brasileiro, responsável pelo Colégio Militar de BH (14 em todo o Brasil), para comentar o impasse, mas não obteve resposta.