Para combater práticas de crimes contra o meio ambiente, como a guarda ilegal em cativeiro, maus tratos, comércio ilegal e tráfico de animais silvestres que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deflagrou a Operação Macaw.
Vinte e quatro mandados de busca e apreensão foram expedidos para 23 pessoas investigadas nos municípios de Ribeirão das Neves e Sete Lagoas, na região metropolitana de Belo Horizonte, além das cidades mineiras de Caratinga, Uberlândia, Manhuaçu e Caraí, e Nova Friburgo, localizada na região serrana do Rio de Janeiro.
Nas operações, que começaram na quinta-feira passada, seis pessoas foram presas até o momento, sendo uma em Ribeirão das Neves, uma em Sete Lagoas, três em Caratinga e uma em Uberlândia.
Além de seis armas de fogo e munição, foram apreendidos instrumentos utilizados para transporte de aves, gaiolas, anilhas, celulares, notebooks e outros equipamentos eletrônicos. Também foram resgatados diversos animais silvestres em cativeiro irregular, sendo que alguns deles estavam em situação de maus-tratos. Apenas em Caratinga foram apreendidos 35 animais ameaçados de extinção, 41 animais exóticos e outros 42 de demais espécies. Em Sete Lagoas e Uberlândia foram apreendidas aves, além de 105 amostras de sangue de papagaios e araras-canindé.
Segundo a promotora de Justiça de Caratinga, Ana Paula Lima da Silva, as investigações que culminaram na investigação identificaram que os suspeitos também utilizavam licenças falsas para transporte de animais. “Essas pessoas movimentam uma grande quantia com essa ação criminosa. Conforme dados coletados por meio de interceptações e quebras de sigilo telefônicos, identificamos contatos com números de todas as regiões do Brasil. Ainda estamos iniciando a operação, mas já é possível ter um cenário consolidado da atuação criminosa”, pontuou.
A promotora ainda explicou que dois auditores da Receita Federal também participaram da operação para fazer as análises das notas fiscais e demais documentações apreendidas junto aos suspeitos. “A nota fiscal descreve um determinado animal, mas quando se compara com a ave, documentos de transporte e certificado de origem, as informações não batem. Utilizam esta forma de atuação para garantir aparente legalidade. É aí que alguns consumidores que não têm conhecimento acabam comprando estas aves de traficantes”.
O objetivo é apurar se são animais criados em cativeiro ou se são animais preparados para comercialização. Entre os animais alvos da fiscalização há micos-leões dourados, jacarés, araras, sábiás-laranjeira, trinca-ferros, macacos-prego, tamanduás-mirim.
As espécies resgatadas serão encaminhadas a centros de triagem e habilitação de animais silvestres em Belo Horizonte, Juiz de Fora e Patos de Minas. Com a análise dos documentos apreendidos e do material genético coletado poderá se chegar à extensão dos crimes cometidos pela quadrilha.
A operação ocorreu por meio da Promotoria de Justiça de Caratinga com o apoio da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna (Cedef), do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais (Nucrim), do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet), do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema-RJ).
A ação também contou com a participação da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Militar de Minas Gerais, da Polícia Civil de Minas Gerais e da Polícia Militar de Meio Ambiente, bem como do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Estadual de Florestas (IEF), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e do Comando de Policiamento Ambiental do Estado do Rio de Janeiro (CPAM/RJ).