A Capela Curial São Francisco de Assis, mais conhecida como Igrejinha da Pampulha, em Belo Horizonte, deverá ser reaberta no próximo dia 4, data consagrada ao padroeiro do templo e protetor da natureza. Sem cultos e visitação há quase seis meses devido à pandemia do novo coronavírus, a construção, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), terá seu retorno às celebrações religiosas e ao turismo dentro dos necessários protocolos sanitários e de segurança.
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Começou hoje o agendamento de casamentos na Igrejinha da PampulhaPadre pede que fiéis conservem restauração em primeira missa na Igrejinha da PampulhaRemodelada, Igrejinha da Pampulha é escolhida para virar templo da 'ecologia integral'Quase 800 escolas particulares mineiras devem fechar em 2021, estima sindicatoMonstro? Minhoca? Dragão? Instalação artística no viaduto Santa Tereza atiça internautasA reabertura ocorre exatamente um ano após o monumento ser reinaugurado, e apresentado à comunidade o trabalho de restauro conduzido com recursos do governo federal, via Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ( Iphan). Ao lado dos prédios do Museu de Arte da Pampulha (MAP), Iate Tênis Clube e Casa do Baile, atual Centro de Referência em Arquitetura, Urbanismo e Design, a igrejinha, da década de 1940, é ícone do conjunto moderno reconhecido como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
SEM OLHOS CURIOSOS
Na tarde chuvosa de ontem, primeiro dia da primavera, ninguém se aventurou a repetir uma cena que se tornou comum antes das obras de restauro – durante a intervenção o templo ficou fechado por tapumes – ou mesmo em dias de pandemia: admirar o interior do templo através das vidraças que estão viradas para a Lagoa da Pampulha e com parte emoldurada pelos jardins de Burle Marx (1909-1994). Olhos dirigidos pela fé ou pela arte buscavam os 14 quadros da via-sacra, de Cândido Portinari (1903-1962), também autor do painel externo, dedicado a São Francisco, ou o painel do batistério, obra do mineiro Alfredo Ceschiatti (1918-1989). O templo tem ainda quadros e os painéis de pastilhas (parte externa) do artista plástico Paulo Cabral da Rocha Werneck (1903-1962).
Primeira igreja em estilo modernista do país, a São Francisco de Assis ficou fechada de novembro de 2017 ao início de outubro de 2019, com um ano e três meses de obras nesse período. Os recursos federais, no valor de R$1,07 milhão, foram repassados pelo Iphan à Prefeitura de BH, que fez a licitação para escolha da empresa encarregada do restauro. O acompanhamento técnico da obra ficou a cargo da autarquia federal, responsável pelo tombamento de todo o conjunto moderno da Pampulha, também protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Cultural de BH.
Um dos maiores desafios durante a obra, conforme os engenheiros, foi conter as infiltrações que acometiam o interior da igreja. O problema já se manifestava havia muitos anos e foram feitas intervenções anteriores, na busca de soluções para o sério problema. A identificação exata dos pontos de infiltração só pôde ser feita após a remoção do forro, no início da obra, e apresentou pontos não previstos, que levaram à alteração da proposta inicial de intervenções.
Muito mais do que um cartão-postal de Minas, joia do Brasil e Patrimônio da Humanidade, a Igrejinha da Pampulha se tornou desde a reabertura, há um ano, um centro de referência em “ecologia integral”, conforme preconiza o papa Francisco. Segundo o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, ecologia integral se refere à valorização do meio ambiente em harmonia com o ser humano, “um lugar de aprendizagem, de respeito e preservação do meio ambiente, nossa casa comum”.