A chegada da primavera em Minas Gerais está sendo marcada por chuvas, que são características do período e que costumam se estender para o verão. O estado, que sofreu com os efeitos das águas no começo do ano, começou a traçar estratégias para que as cenas registradas no início de 2020 não se repitam. Os primeiros passos para a execução do plano de prevenção foram dados em uma reunião realizada nesta quarta-feira (23), entre o governo de Minas e outros órgãos.
O debate, que será feito em mais oportunidades, reuniu uma equipe multidisciplinar com secretários estaduais e órgãos colaboradores, além da participação do governador Romeu Zema (Novo), que fez a abertura dos trabalhos. O ponto principal das conversas foi alinhar estratégias que serão desempenhadas por cada braço gerido pelo estado, como Defesa Civil de Minas Gerais, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, entre outros. Órgãos que fazem parte do Grupo Estratégico de Resposta (GER), instituído por Zema em outubro de 2019.
Empresas de propriedade do estado, como a Cemig e a Copasa, além de secretarias, como de Infraestrutura e Mobilidade, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, de Desenvolvimento Social, entre outras, também fazem parte da força-tarefa. Ao Estado de Minas, o coordenador adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente-coronel Flávio Godinho, deu um exemplo de como o GER poderá ajudar em caso de chuvas fortes.
“As chuvas têm uma intercorrência muito grande no interior do estado e algumas estradas rurais ficam intransitáveis ou parcialmente transitáveis com um deslizamento de alguma encosta. Temos que lembrar que tem produtores rurais que fazem o escoamento da produção de leite ou de alguma agricultura e eles não conseguem passar porque essa via está interrompida. Então é importante uma ação da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade para que libere essa via o mais rápido possível, até para a Defesa Civil ir para aquela comunidade entregar ajuda humanitária, como colchões, cobertores, material de limpeza, cesta básica”, disse Godinho.
O coordenador adjunto da Defesa Civil também disse que equipes estão sendo enviadas para o interior de Minas, sobretudo em regiões que mais foram castigadas com os efeitos das chuvas do início de 2020, como Zona da Mata, Leste de Minas e Vale do Rio Doce. Os profissionais, como engenheiros, terão a missão de fazer o mapeamento de risco dos locais.
“É importante o município, que é responsável por aquele local, fazer o mapeamento (dos locais de risco), saber que: “Aquela encosta ali pode ter encharcamento de solo”. Nossas equipes estão dando essa assistência técnica e verificando, também, o andamento das obras que os municípios, que receberam recurso do governo federal no início do ano, para fazer reparação e reconstrução”, explicou.
Apesar da atuação da Defesa Civil e demais órgãos estaduais, Godinho destacou que o plano de prevenção durante o período chuvoso também envolve a população e os municípios, orientando, inclusive, as prefeituras sobre a maneira correta de captar recursos provenientes do governo federal.
“Algumas ações de prevenção são importantes e os municípios têm que fazer isso: limpeza de bueiros e de canais onde essa chuva poderá passar; monitoramento do aumento do rio, isso é importante também porque a gente consegue avisar a população se lá no início desse rio está tendo aumento em função da chuva que cai no vale e aumenta esse nível, ele vai ter uma característica muito forte dentro da cidade. Ano passado, nós tivemos uma liberação de recurso pelo governo federal na ordem de quase R$ 1 bilhão para respostas e reconstrução, mas alguns municípios não conseguiram recursos em função de um plano de trabalho que não foi apresentado a tempo de forma mais robusta. Então é treinar alguns municípios para a captação de recurso também para fazer essas obras”, enfatizou.
Escolas poderão ser usadas como abrigos
Ainda não é possível ter uma noção se o período chuvoso terá a mesma intensidade da temporada 2019/2020, mas, de acordo com Godinho, o plano envolve todos os tipos de cenários, inclusive o pior. Por isso, compras de colchões, de material de higiene e limpeza e cestas básicas já estão sendo providenciadas para atender possíveis desabrigados ou desalojados. Assim como nos anos anteriores, escolas que estiverem fora da zona de risco poderão ser utilizadas como abrigos.
“Vamos fazer uma interlocução com as secretarias municipais de saúde porque nesse período de dezembro para janeiro é marcado por não ter aula. Não sabemos ainda como ficará a questão do ano letivo com a COVID-19, mas as escolas que estão fora das áreas de inundação são os abrigos.”
Além disso, um seminário está previsto para acontecer entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro. A finalidade, nesta segunda conversa a respeito da prevenção no período chuvoso, é abranger prefeituras, para que servidores sejam treinados a atuar. Em outra frente, ainda na questão social, Flávio Godinho disse que o governo do estado irá dialogar com as prefeituras e o governo federal sobre o aluguel social, que costuma ser pago a pessoas que deixam suas casas por orientação da Defesa Civil. “Vamos conversar com as prefeituras e com o governo federal sobre a questão do aluguel social, porque quando as pessoas são retiradas de casa, igual aconteceu esse ano, os municípios fizeram pagamento para aquelas pessoas impactadas de um aluguel social em função de elas terem sido retiradas de casa”, destacou.
Flávio Godinho também fez um apelo para que a população não construa imóveis em áreas de risco e que evite poluir rios e bocas de lobo, bem como as canaletas por onde a água possa escoar. O coordenador adjunto da Defesa Civil também recomendou que as pessoas cadastrem os telefones celulares para que recebam os avisos de chuvas.
“É importante, também, que a população cadastre o telefone, por meio de mensagem SMS, no 40199, colocando o CEP no campo de texto, porque a gente vai potencializar ainda mais os alertas para que as pessoas possam ser avisadas da chuva”, concluiu.