Jornal Estado de Minas

COVID-19

Prefeituras do Norte de Minas decidem nesta sexta sobre volta das aulas presenciais

Prefeitos cautelosos, alguns favoráveis e outros contrários à volta imediata das aulas presenciais, mas todos apreensivos em relação às consequências que a medida poderá trazer e preocupados também com o impacto que o fato poderá causar nas eleições municipais. Muitos são candidatos ou apoiam nomes que oncorrem ao comando das prefeituras.





 

Esse é o clima no Norte de Minas, a única região do estado autorizada pelo governo do estado a retomar as aulas presenciais a partir de 5 de outubro, por estar na onda verde do programa Minas Consciente.

Nesta sexta-feira (25), a Associaçao dos  Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams) promoverá uma videoconferência entre os secretários municipais de Educação da região para discutir a questão. A entidade anunciou a realização de um levantamento junto às suas prefeituras filiadas para direcionar o seu posicionamento em relação ao tema.   

 

Nesta quinta-feira (24), o governo estadual informou que na próxima terça-feira (29) deverá divulgar o protocolo de segurança para a reabertura das escolas de ensino fundamental e médio (públicas e privadas). Conforme o secretário de Governo de Minas, Mateus Simões,  o estado apenas autorizou a reabertura nas escolas nos municípios da onda verde. Não se trata de uma obrigação. Ele reforça que  a palavra final sobre o retorno presencial das atividades na educação básica (ensino infantil, fundamental e médio) caberá às prefeituras.

 

“E cada escola decidirá as suas próprias estratégias no que diz respeito ao ensino particular, assim como as municipais no que diz respeito ao município”, disse Simões.    

 

Procurada pela reportagem, nesta quinta-feira, a Associação Mineira de Municípios (AMM) informou que ainda “está avaliando os impactos da decisão tomada pelo governo de Minas em relação a volta às aulas presenciais no estado". Por enquanto, a diretoria da entidade decidiu não se manifestar sobre o assunto. 





  

O presidente da Amams, Lavarravardiere Batista Cordeiro, o Lara, prefeito de Ibiaí, afirma que “existem alguns municípios querendo a retomada imediata das aulas presenciais, outros apreensivos diante do risco de alastramento da doença”. 

 

Conforme fonte ligada à Amams, os prefeitos estão preocupados com possíveis impactos do retorno das aulas nas eleições municipais, já que eles estão em campanha concorrendo à reeleição ou apoiando candidatos à sucessão.

Também estão apreensivos em relação a outras questões como o transporte escolar e aos custos das adequações que teriam que ser feitas nos prédios para o atendimento aos protocolos de segurança, visando a prevenção contra a transmissão do novo coronavírus.   

 

Preocupação com custos da retomada 

 

A coordenadora do Departamento de Educação da Amams, Neiva de Cássia de Jesus, disse acreditar que a grande maioria dos prefeitos norte-mineiros “deverá optar por não retornar” com as aulas presenciais de imediato. Ela salienta que uma das dificuldades das prefeituras é o custeio das medidas de adaptação dos prédios escolares e a compra de materiais de higiene de outros insumos para prevenir o contágio do vírus pelos alunos em um momento que sofrem a queda do Fundo de Participaçao dos Municípios (FPM). 





 

“A gente sabe dos prejuízos da falta da aula presencial para os alunos. Queremos a volta das atividades presenciais nas escolas, mas que esta volta seja feita com segurança”, assegura Neiva de Cássia.   

 

 

Cautela em Montes Claros 

 

A cautela também é adotada pelo prefeito de Montes Claros (cidade-polo da região), Humberto Souto. Ele disse que vai conversar com os profissionais da Secretaria de Educação do município para ouvir a opinião dos pais de alunos, antes de tomar qualquer decisão sobre o retorno das aulas presenciais na cidade.  

 

 “Esta é uma questão controversa que precisa ser mais debatida”, afirmou Souto, que é candidato à reeleição. Ele fez ponderações sobre os riscos que a volta das aulas presenciais poderia trazer para os alunos. Lembrou também que o governo estadual autorizou a reabertura das escolas no momento em que faltam pouco mais de dois meses para o fim do ano letivo, considerando um período normal (antes da pandemia). 

 

Contágio em alta em Brasília de Minas 

 

Ainda no Norte do estado, nesta quinta-feira, prefeitura de Brasília de Minas, divulgou nota em que antecipa que, mesmo com a autorização do governo do estado, não vai promover o retorno imediato das aulas presenciais porque a curva de contágio do coronavírus na cidade ainda está em elevação. Alega ter recebido “com apreensão” a informação sobre a autorização pelo governo estadual do retorno das aulas presenciais nas cidades da região da onda verde do Minas Consciente.   

 

O argumento da Prefeitura de Brasília de Minas é que, embora a cidade faça parte da Macrorregião Norte, o município optou por continuar na onda amarela, “uma vez que estamos ascendendo em número de casos notificados para a COVID-19”. “Por isso, não avançaremos na flexibilização. Só será possível determinar quando iremos retornar às aulas após termos passado pela curva de contaminação que neste momento se encontra no ponto mais alto desde o início da pandemia”, informou. 

 

De acordo com o boletim da Secretaria de Estado de Saúde, até agora, Brasília de Minas teve 139 casos da COVID-19, com duas mortes.