Quando eles nasceram, as mulheres ainda nem sequer votavam no Brasil. Quando se casaram, a Segunda Guerra Mundial havia acabado de chegar ao fim. Agora, em meio à pandemia da COVID-19, celebram 75 anos de casados, junto a 12 filhos (dois in memoriam), 48 netos, 31 bisnetos e três tataranetos. Essa é a história do sr. Custódio, de 97, e da sra. Cecília, de 93, moradores de Viçosa, na Zona da Mata, que comemoram, neste sábado (26), suas "bodas de brilhante".
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Feira das Flores volta a funcionar em BH, após seis mesesNo Dia Nacional do Trânsito, ação na Pampulha conscientiza adultos e criançasCom a flexibilização, feira livre de Viçosa volta ao local e horário de origem Dia Nacional do Idoso é comemorado neste domingoFeiras livres de Lagoa Santa voltam a funcionar nos antigos locais"No tempo em que a gente era novo, íamos no pagode. Tinha baile e eu tirei a mãe dela para dançar, como fazia na época. Demos uma volta e ela disse pra eu tirar a filha dela. Desse dia pra cá, surgiu o amor", relembra sr. Custódio. "Depois, ele começou a tirar ela para dançar repetidas músicas, e era assim que começavam os namoros da época", narra Helena Martins, a filha caçula do casal.
O namoro começou em 1943 e eles vieram a se casar dois anos depois, em 26 de setembro de 1945. "Ele cantava nos grupos de músico quando os dois começaram a se entrosar, se relacionar. Ele chegou a fazer um verso pra ela, 'Eu conquistei Cecília', quando começaram a namorar", conta Edilan Martins, de 27 anos, historiador e neto do casal.
A partir de então, foram responsáveis por formar uma grande família. No total, doze filhos: Olinda, Maria Madalena, Helena, João, José, Antônio, Juarez, Itamar, Sebastião, Airton, Agostinho (In Memoriam) e Tereza (In Memoriam). Deles, netos, bisnetos e até tataranetos. "É muito legal e bonito ver tudo o que eles construíram ao longo da vida", diz a caçula.
Hoje, mesmo com o passar da idade, são ativos e lúcidos. "A família sempre se reúne nos aniversários deles e são eles mesmos que pedem comemoração, não gostam de passar em branco", conta o neto. "Quando tem almoço eles vêm, descem e ficam juntos da família. Sentam e às vezes até tomam uma cervejinha! Todos naquela grande mesa e ele puxa uma oração", completa Helena.
Os dois moram sozinhos em uma casa de Viçosa, mas sempre com a companhia de outra pessoa. "A gente acorda e ele faz o café. A gente toma com leite, come quitanda e pão. Toma sol na garagem, vem pra sala, fica deitado e faz novena na televisão", conta sra. Cecília.
"Eles mantém a harmonia juntos. Eles acordam, passam tempo conversando, tomam banho sozinho. Tirando os medicamentos, que nós controlamos, são muito independentes", conta a filha. "Conversam muito, são lúcidos, se posicionam. Sabem bem do vírus, por exemplo", completa o neto.
Memórias de afeto
Ao longo desses 75 anos, o que não faltam são memórias de afeto que unem, ainda mais, o casal.
"Eu cresci em um ambiente aprendendo muito com o lado caridoso dos dois. Quando morávamos na roça, eles sempre vinham com uma garrafa de leite para nos alimentar e tinham o hábito de também dar para quem precisava", relembra Helena. "Na época não tínhamos carro, mas emprestava charrete e carro de boi para quem precisava vir na cidade".
A disciplina dos dois também serviu de exemplo para as gerações. "Quando morávamos na roça, tinha que trazer o milho, levar o fubá, cozinhar para cuidar dos porcos. Essas obrigações constantes de todo dia são coisas que me marcaram muito", narra o filho Sebastião.
"Nas sextas-feiras, pai vinha na cidade de Charrete, mas antes tinha que procurar e trazer o cavalo, pra trazer as coisas dele. Geralmente um frango, um quiabo e uma cachacinha que ele gostava de beber", conta o filho Ailton Martins.
Homenagens
Cecília e Custódio acabaram se tornando parte da história da região de Viçosa. Por isso, receberam uma moção de congratulações da Câmara Municipal da cidade, por serem "exemplo de felicidade, saúde e companheirismo".
Neste sábado (26), a partir das 19h, uma missa também será realizada em homenagem ao casal, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Os dois não escondem a felicidade de poder comemorar a data juntos. "Muita confiança e respeito, com filho, neto, bisneto", diz sra. Cecília.
"É fácil ser casado há 75 anos com confiança, paz e amor. Mesmo depois de tanto tempo a gente ainda respeita um ao outro. Tem amor melhor que esse?", conta sr. Custódio.
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.