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Estado de Minas

Em áudio, funcionário do governo de MG admite motim na Nelson Hungria, em Contagem

Na gravação obtida pelo Estado de Minas, servidor menciona 'focos de incêndio' e 'barulho ensurdecedor' dentro da penitenciária na Grande BH


26/09/2020 22:28 - atualizado 27/09/2020 13:08

Vídeo registra fumaça saindo da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde presos fazem motim
Vídeo registra fumaça saindo da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde presos fazem motim
Presos da Penitenciária Nelson Hungria, situada em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, organizaram um motim na noite deste sábado (26). Embora oficialmente negado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), o movimento foi reportado por um funcionário do órgão a seu superior hierárquico. O Estado de Minas teve acesso ao áudio que ele gravou para repassar a informação. 

Na gravação, o servidor menciona focos de incêndio e barulho “ensurdecedor” de canecas batendo nas grades. O relato cita anda ainda a queima do coletivo da linha 302 C (Estaleiro/Estação Eldorado), que ocorreu perto do presídio no início desta noite. 

Diversas viaturas do Comando de Operações Especiais (COPE) se deslocaram até a penitenciária Nelson Hungria. Estrutura é responsável pelo restabelecimento da ordem em prisões
Diversas viaturas do Comando de Operações Especiais (COPE) se deslocaram até a penitenciária Nelson Hungria. Estrutura é responsável pelo restabelecimento da ordem em prisões
“Boa noite, doutor. Na realidade, a situação interna é controlada. A gente teve pequenos focos de incêndio com lançamento de espumas fora da cela. Um barulho ensurdecedor, que é rotineiro. Nesse momento, já calmo. O mais significativo mesmo é que nós tivemos um incêndio de ônibus coletivo nas proximidades da muralha da unidade. Era a rota do ônibus mesmo. Indivíduos encapuzados puseram fogo no ônibus, a PM está em acompanhamento da ocorrência. E a gente teve também cerca de 30 a 40 visitantes na porta que atearam fogo em alguns pneus. Mas a PM fez o aporte lá e controlou a situação.  Então, internamente, a unidade está em boas condições e com a disciplina preservada” afirma o homem.

"Mete fogo aí"

Apesar do tom de tranquilidade do funcionário, vídeos gravados por populares por volta de 23h mostram fumaça saindo da penitenciária. As imagens também mostram a presença de ao menos quatro viaturas do Comando de Operações Especiais (COPE). A estrutura é responsável pelo restabelecimento da ordem nas unidades prisionais. 



Outros áudios e vídeos obtidos pela reportagem também registram celas pegando fogo e presos batendo canecas contra grades, enquanto gritam: "Mete fogo aí" e "Bora, bora, bora, joga por terra, família”, em alusão à manifestação de trinta mulheres - parentes dos detentos - realizada hoje em frente à Nelson Hungria. Elas protestam contra as regras rígidas para visitação impostas pela Sejusp por causa da pandemia de COVID-19. O protocolo sanitário prevê visitas mensais de 20 minutos. Segundo a Frente Estadual pelo Desencarceramento de Minas Gerais, esta seria a principal razão do motim. 



“Os presos, agora, só ficam 20 minutos com as famílias no parlatório, onde as pessoas conversam separadas por um vidro. Segundo os familiares dos detentos, fica um funcionário do presídio atrás do preso e outro atrás da família, conversando o tempo todo. Ou seja: presos e familiares mal conseguem se ouvir”, conta a advogada Fernanda Oliveira, membro da Frente pelo Desencarceramento.

Fernanda também afirma que o protesto organizado esta noite em frente à cadeia foi dispersado com balas de borracha e spray de pimenta, embora fosse pacífico. 

Sejusp nega motim

O Estado de Minas solicitou esclarecimentos à Sejusp sobre o áudio enviado pelo funcionário do órgão, que reporta o motim na Nelson Hungria. A reportagem também questionou se a secretaria pretende modificar os protocolos de visitação da penitenciária. 

Em nota encaminhada na manhã de domingo (27), a Sejusp afirmou que "não procede a informação de que tenha havido um motim na penitenciária. Não houve perda do controle da segurança na unidade e todos os presos permaneceram dentro das celas". 

Ainda de acordo com o texto, ao longo da noite último sábado (26), policiais penais contiveram um ato de subversão à ordem dos detentos da unidade prisional. Os presos teriam ficado agitados com a informação da queima de um ônibus nas proximidades da prisão e promoveram pequenos incêndios, utilizando pedaços de colchões.   

Sobre as visitas, a Sejusp informou que elas "estão sendo gradualmente retomadas, de acordo com o protocolo definido para macrorregiões na onda amarela do Minas Consciente"

Visitas

Após seis meses de suspensão, as visitas presenciais no sistema prisional de Minas Gerais foram liberadas neste sábado (26) para os municípios das ondas verde e amarela do Programa Minas Consciente - protocolos de flexibilização do isolamento social criados pelo estado. 

Segundo as diretrizes do programa, o visitante tem que usar máscara e não pode entrar na unidade caso apresente sintomas gripais. 

Nas cidades da onde verde, os detentos podem ter contato presencial com apenas um familiar por mês. Esse membro da família precisa morar em uma localidade da onda verde. O encontro dura até três horas. 

Já no caso das prisões situadas em regiões da onda amarela - caso de Contagem - as visitas também são mensais, mas de 20 minutos. O contato ocorre dentro do chamado parlatório, onde as pessoas ficam separadas por um vidro.


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